Denúncia de caixa 2 do Bolsonaro repercute mundo a fora

Uma denúncia feita pelo jornal Folha de São Paulo sobre fraude na campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) nesta quinta-feira (18) pode alterar o cenário das eleições no Brasil. O diário divulgou um esquema de compartilhamento em massa de notícias falsas através do WhatsApp financiado por empresas. O fato foi um dos principais temas na imprensa internacional nesta sexta-feira (19).

Le Monde França - Bolsonaro - Divulgação

A matéria da Folha denuncia que a campanha de Bolsonaro contratou agências para o envio de fake news pelo WhatsApp, o investimento chegou a R$12 milhões. Se comprovado, isso poderia configurar caixa 2, já que as doações por entes empresariais são proibidas pela Justiça. Bolsonaro diz que não pode ter "controle" sob seus apoiadores.

A notícia é manchete desta sexta-feira no site do Le Monde. O jornal francês destaca o fato de que o PT entrou com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral de investigação das fake news e requisitou que o judiciário declare a inelegibilidade de Bolsonaro.

“O campo da esquerda brasileira suspeita que, com efeito, a campanha de Jair Bolsonaro, militar da reserva, orquestrou uma “campanha de difamação” contra o PT e de Fernando Haddad através de uma série de mensagens anexadas e enviadas pelo WhatsApp a milhões de utilizadores por empresas afeitas à causa do ex-capitão”, diz o jornal francês.

"Uma investigação aponta para uma grande trama de propaganda ilegal a favor de Bolsonaro por WhatsApp", é o texto do site do jornal espanhol El País. O diário explica em detalhes como funcionam esses disparos de mensagens através do aplicativo e afirma que se infiltrou em um desses grupos para confirmar que este tipo de ação vem acontecendo.

A reportagem do jornal contou mais de mil mensagens diárias, "geralmente com conspirações fictícias e acusações falsas", um esquema que, afirma El País, "afeta milhões de pessoas".
"Se essa prática for comprovada, ela constitui um crime", diz o site da revista francesa L'Express, ressaltando que a lei eleitoral, no Brasil, proíbe o financiamento de campanha por empresas.

Para o jornal britânico The Guardian, essas eleições, consideradas como as mais importantes da história do Brasil, preocupam porque "estão sendo baseadas em fake news, a maioria delas favorecendo Bolsonaro". O diário ressalta que o problema é tão grave que autores de um relatório sobre as consequências da manipulação dos eleitores acionaram a direção do WhatsApp para pedir que a empresa "dê passos urgentes para reduzir o envenenamento da campanha com notícias falsas ou distorcidas".

O jornal português Público destaca que, entre as empresas sob suspeita de participar do esquema, está a catarinense Havan. O diário salienta que Luciano Hang, proprietário desta companhia do setor varejista "é um conhecido apoiador de Bolsonaro, tendo sido filmado coagindo seus funcionários para votarem no candidato da extrema direita". Hang disse que a notícia da Folha é fake news, e afirmou que vai processar o jornal.