Haddad: “Estamos diante de uma tentativa de fraude eleitoral”

O candidato à Presidência Fernando Haddad participou do Encontro com Juristas pela Democracia em apoio à sua candidatura na manhã desta quinta-feira (18). Ao discursar, Haddad comentou sobre o esquema de disseminação de fake news desvendado pela reportagem da Folha de S. Paulo, apontando que empresários desembolsaram R$ 12 milhões por contrato para disseminar mentiras no WhatsApp.

Por Dayane Santos

Haddad com juristas - Reprodução

“Estamos diante de uma tentativa de fraude eleitoral. O pressuposto dessa campanha foi liquidar a eleição em primeiro turno para que as notícias de hoje não viessem à tona”, afirmou Haddad. Para ele, Bolsonaro criou uma “verdadeira organização criminosa” com apoio de empresários e que “joga nas sombras”.

Haddad informou que vai acionar a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral. “Fazer conluio com dinheiro de caixa 2 pra violar a vontade popular é crime. Ele que foge dos debates, não vai poder fugir da Justiça”, disse.

Ele conta que no final do primeiro turno a equipe de campanha já suspeitava de uma ação orquestrada por parte da campanha adversária porque não havia explicação para uma mudança tão repentina por parte do eleitorado, que alterou radicalmente em apenas uma semana. Desde que foi oficializado como candidato, após a cassação do registro da candidatura de Lula, Haddad era o único candidato que crescia nas pesquisas.

“Essa mudança de comportamento se deveu ao que hoje se noticia. Milhões de reais foram investidos em notícias falsas. Por meio de caixa 2 resolveram financiar uma campanha de difamação a meu respeito. Eu nunca tinha visto isso acontecer. Estamos diante de uma tentativa de fraude eleitoral”, enfatizou.

Primeiro turno

Segundo o candidato, o esforço do Bolsonaro era para liquidar a eleição já no primeiro turno. “Ele contava que viraríamos a página e isso tudo não seria apurado. O que está hoje nos jornais não são indícios, são provas. Não estamos falando de suposições”, acrescentou.

“Milhões e milhões de reais investidos de forma ilegal. Não sei porque não deram o nome de ‘Caixa 2’ na reportagem, porque é o que é. Trata-se de crime eleitoral organizado por empresários que não se fizeram aparecer e, por meio de caixa 2, resolveram financiar uma campanha de difamação, de inverdades a meu respeito.”

Haddad disse que esse esquema é uma demonstração de que “ele [Bolsonaro] está aliado com o que há de pior no país”. “Esses empresários são antinacionais e antissociais. Matéria do jornal Valor Econômico dava conta de que alguns empresários estavam satisfeitos com esse viés autoritário”, advertiu.

Haddad reforçou que a reportagem revela não apenas indícios, mas provas do crime eleitoral cometido por Jair Bolsonaro, mas disse que, apesar da gravidade, o clima de intolerância e ódio pode impedir que se tome providências.

“Há valores de contratos. Há personagens e empresários envolvidos. Eu temo que a Justiça Eleitoral, inibida pela violência, que a imprensa, inibida pela violência, não cumpram o seu dever constitucional. Todos que se pronunciam contra a violência do meu adversário sofrem constrangimento nas ruas e nas redes sociais. Não é diferente com a Justiça, não é diferente com o Ministério Público, não é diferente com a imprensa”, enfatizou Haddad. “A jornalista que escreveu essa matéria já sofre ameaças nas redes sociais. O general aliado do meu adversário chegou a ameaçar de impeachment e prisão os ministros do Supremo Tribunal Federal. Estamos diante de uma situação grave”, acrescentou.

Democracia ameaçada

Ao analisar a conjuntura, Haddad destacou que o Brasil caminhava para viver o aprofundamento da democracia. “Ao invés de estar vivendo um período de aprofundamento da democracia, estamos vivendo um período de ameaça aos direitos sociais – o que é grave – aos direitos trabalhistas, mas para espanto de muita gente, nem os direitos civis e políticos estão assegurados”, destacou.

Apesar disso, Haddad disse se sentir otimista na campanha. “O ato de hoje me dá uma confiança enorme de que nesses dez dias vamos resgatar esse país para os brasileiros e não para essa camarilha que está disputando a eleição”, afirmou.

Dez dias de campanha

Haddad rebateu a declaração de Bolsonaro, que, se baseando nas pesquisas de intenção de voto, disse que está “com a mão na faixa”.

“Dez dias é muito tempo para o momento que estamos vivendo. E ele que diz que já está com a faixa presidencial vai experimentar a ira de quem de fato decide a eleição: o voto popular. É a soberania popular que vai se impor no domingo, dia 28”, declarou Haddad sob o aplauso dos juristas.

O presidenciável advertiu que não é apenas a democracia que está sob ameaça nesta eleição. “Lendo o programa de governo do meu adversário, eu diria que a soberania nacional nunca esteve tão ameaçada como agora”, disse ele, se referindo a temas incluídos no programa de governo de Bolsonaro que diz que a Amazônia não pertence ao Brasil e defende a privatização de setores estratégicos como a Petrobras e o pré-sal.

Sobre a campanha, Haddad deixou claro que sua disposição é de reverter esse quadro, pois acredita que em dez dias será possível esclarecer o eleitor e vencer as eleições. “Eu tenho uma forma muito tranquila, difícil elevar o meu tom de voz. É difícil eu arrumar uma briga. Agora, o que estão fazendo com o Brasil, vocês podem acreditar, que até a meia-noite do sábado eu vou estar suando a camisa para evitar que esse mal aconteça”, garantiu.