Jandira Feghali: Soldados da paz

Os seguidores de Bolsonaro disseminam o ódio e exercitam a “licença” para agredir e matar. Mas o Brasil precisa de diálogo e inclusão.

Jandira Feghali - Foto: Facebook Jandira Feghali

“O soldado da paz não pode ser derrotado
Ainda que a guerra pareça perdida
Pois quanto mais se sacrifica a vida
Mas a vida e o tempo são seus aliados
Não há perigo
Que vá nos parar”
(Soldado da Paz – Paralamas do Sucesso)

Sangue. Imagens de choro e sangue por todo lado. O Brasil que é compartilhado em aplicativos de Whatsapp se reduziu a um campo de guerra e massacre inaceitáveis. Capoeirista morto a facadas, jovem de 19 anos machucada a canivete no abdome com símbolo nazista, homens e mulheres ameaçados, espancados, violentados pelo simples uso de adesivos políticos.

Explicitação de voto contrário à Bolsonaro são a razão das agressões. Discursos de apologia à tortura, armas interpretadas em gestos e contidas em propostas de solução, discriminações raciais, de gênero, culturais e religiosas, desqualificações permanentes dos partidos e lideres políticos, homenagem à ditadura e torturadores. Ameaças generalizadas aos opositores que autorizam e justificam a desmedida violência.

O banho de ódio e o chorume da intolerância são consequências da campanha de Bolsonaro. Ele jamais, em sua hipocrisia, admitiria. Não tem humanidade ou altivez política para se solidarizar com os mortos e feridos que pagaram o preço de se oporem a ele.

Ao contrário. O candidato amplia, autoriza e dá carta branca ao fascismo injetado a doses cavalares de Fake News em milhões de brasileiros e brasileiras.

Nunca vivemos algo parecido numa disputa eleitoral no Brasil. Muito dinheiro de origem “não explícita” em volumosa campanha de plataformas digitais e que financia mentiras e comoções.

Dessa forma atingem valores da família, da religiosidade, dos costumes e da ética, como se os adversários fossem bandidos a ser eliminados. Um terrorismo construído em outros países e que neste momento é utilizado aqui sem nenhum escrúpulo.

Nosso País viveu o regime daqueles que não prezam a democracia. Ela, tão jovem, hoje é ameaçada por uma candidatura medíocre, que esconde os reais interesses das forças neoliberais.

Paulo Guedes, provável ministro da Economia de Bolsonaro e investigado por fraudes no Ministério Público Federal, tem a lista do patrimônio do povo que irá vender caso empossado. Petrobras, Eletrobras, Furnas e tantas outras estatais que são pilares estratégicos de nossa soberania e economia irão para as mãos dos Estados Unidos, China e outros.

Minguaremos a uma nação subserviente, sem capacidade de futuro, com uma geração pobre ameaçada ao extermínio da fome, do abandono social e da guerra às drogas.

Os democratas, patriotas, desenvolvimentistas de todos os partidos, os defensores da liberdade nas instituições públicas maiores, os protetores da Constituição Federal de 1988, não farão vista grossa ao precipício que se avizinha.

Não permitirão que mais brasileiros morram por protestar contra ideias retrógradas. Armas como sinais de dedos nas mãos para crianças. Frases de mortes a petistas. Combate a partidos progressistas como o próprio Partido Comunista do Brasil.

O rechaço precisa estar de prontidão. A resposta deverá ser firme. A omissão não tem lugar em momentos decisivos como este. Não seremos coniventes.

Caminho para o sétimo mandato como deputada federal após 72 mil fluminenses me releegerem no último dia 7.

Até o último segundo eu e o meu partido seremos incansáveis na defesa da campanha de Fernando Haddad à presidência e Manuela D’Ávila à vice.

O outro lado, mais do que óbvio, não tem capacidade moral ou política de devolver ao Brasil um horizonte de crescimento econômico e desenvolvimento social. Não há a menor chance ou hipótese de Bolsonaro fazer isso.

Ao contrário. Será um projeto de governo muito pior do que o de Michel Temer. Redução de direitos dos trabalhadores, aumento da miséria e entreguismo exacerbado. E com o discurso do ódio e da morte oficializado pelo sufrágio universal.

Meus amigos e amigas, nesta altura da eleição temos que ter serenidade, mas a saudável indignação e coragem. Sermos soldados, mas não na visão militarizada que muitos pregam.

Temos que ser soldados como apela a letra da música de Herbert Vianna reproduzida no início deste texto. Soldados da paz.

O sangue vermelho dos que nada temem, daqueles que tombaram nas florestas do Araguaia, ainda pulsa dentro de nós. Precisamos virar votos de indecisos, pedir que os que anularam votem desta vez e mostrar aos que querem votar no candidato do PSL, enganados por mentiras, que optem pela verdade, por um projeto de verdade para o Brasil, por Haddad.

O Brasil quer paz, crescimento, diálogo e inclusão. O Brasil precisa de estabilidade. Precisa de Haddad e Manuela

Queremos vida.