O Recife é tema da poesia e da nova cidadania de Cida Pedrosa 

Três momentos importantes para Cida Pedrosa reunidos em um só que têm em comum o Recife. Nesta quinta-feira (18), na Câmara Municipal do Recife, a poetisa, advogada, escritora, secretária municipal da Mulher e dirigente comunista recebe, às 16h, o título de cidadã recifense, proposição do vereador Antônio Luiz Neto (PTB); em seguida, às 18h, lança o livro Gris, onde fala de sua relação com a cidade maurícia. Para coroar esses momentos especiais, Cida também comemorará seus 55 anos de vida.  

O Recife é tema da poesia e da nova cidadania de Cida Pedrosa - Divulgação

“Eu sempre quis ser cidadã do Recife oficialmente e estou muito, muito feliz com isso. É a oficialização do meu desejo de me sentir do Recife como me sinto de Bodocó”, enfatiza Cida, que nasceu e cresceu em Bodocó, no Sertão de Pernambuco, sobre a homenagem.

Ela explica que “o livro tem como temática o Recife e o título tem tudo a ver com esses momentos cinza que vivemos hoje no Brasil”. Gris traz poemas inéditos e poemas publicados em outros livros, como Cântaro (2000) e Gume (2005), “todos sempre habitados pela cidade ou pela angústia humana dos grandes centros urbanos”, como define o jornalista Diogo Guedes sobre Gris, em texto publicado no Jornal do Commercio (JC). É o primeiro livro de Cida editado pela Cepe Editora.

“No livro falo sobre a relação do poeta com a cidade, a solidão da cidade grande, a construção identitária difícil que é o cidadão viver hoje em uma cidade moderna e com tantos problemas sociais. É também um canto de amor às avessas ao Recife porque eu amo o Recife. Nos meus poemas a gente consegue identificar as ruas do Recife”, disse Cida ao Vermelho.

“Falo também da dor dessa cidade grande, dessa dualidade de você amar uma cidade, ela ser linda ela ter um passado histórico, dela ser culturalmente forte e ao mesmo tempo essa cidade ser cheia de mazelas, de pessoas com fome, do número de prédios que cresce enlouquecidamente, das casas que vão sendo derrubadas. É sobre a dor e a solidão nessa cidade”.

“A cidade sempre perpassou os meus livros e já havia tempo que eu queria falar da cidade na minha poesia e na poesia em geral. Viramos um país urbano em que 80% da população vivem em cidades. Escrevo também para pensar qual é o efeito dessa modernidade na arte e nos cidadãos”, explica ainda a poetisa em entrevista ao JC.

“Ao mesmo tempo eu completo 55 anos de idade e faz 40 anos que cheguei à cidade. Cheguei em janeiro de 1978.Tive episódios em que fui trabalhar fora, mas sempre voltei e minha cidadania ficou intacta aqui. Então, estou juntando tudo em um só momento”, completa.

Mais sobre Cida Pedrosa

Nasceu em Bodocó, Sertão de Pernambuco, em 1963. Escritora, advogada, militante comunista, ativista cultural, defensora dos direitos civis, e em especial, das mulheres. Já publicou sete livros:Restos do Fim (1982); O Cavaleiro da Epifania (1986); Cântaro (2000); Gume (2005), todos em edição da autora; As Filhas de Lilith (Rio de Janeiro: Calibán Editora, 2009): Miúdos (2011) e Claranã (Confraria do Vento, 2015).

Participou de várias antologias de poesia e editou em parceria com Sennor Ramos o site Interpoética. Fez parte de Dedo de Moça — uma antologia das escritoras suicidas (São Paulo: Terracota Editora, 2009). Tem textos traduzidos para o francês e o espanhol, e publicações espalhadas na internet e em jornais mundo afora. Foi secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Prefeitura do Recife. Atualmente é secretária da Mulher do Recife.

Do Recife, Audicéa Rodrigues