Buscas pela palavra “fascismo” batem recorde no Google

As pesquisas pelo termo “fascismo” bateram recorde na internet, segundo o Google Trends. O aumento da procura pela palavra se deve a curiosidade dos brasileiros sobre o candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL), frequentemente identificado por especialistas, opositores e internautas como fascista.

Por Verônica Lugarini

fascismo

O candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), coleciona declarações polêmicas ao longo de sua carreira política de 27 anos. Elas vão desde "sou preconceituoso, com muito orgulho", “o erro da ditadura foi torturar e não matar” até “não te estupro porque você não merece”, em referência a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).

Seus discursos de ódio que incentivam a violência, enaltecimento da ordem, disciplina e militarismo são características que enquadram o candidato no fascismo, conforme relatou o cientista político da PUC-SP, Pedro Fassoni Arruda, ao Portal Vermelho. Mas a identificação das falas e ações de Bolsonaro ao fascismo não se restringem a especialistas brasileiros.

Em recente visita ao país, o cientista político, professor na Universidade de Harvard e autor do livro "Como as democracias morrem", Steven Levitsky, enumerou fatores indicam fascismo no discurso e atos de Bolsonaro. Steven citou a rejeição das regras democráticas do jogo, o incentivo e elogio à ditadura militar e a vontade de reduzir a liberdade civil de seus oponentes.

Diante dessas constatações, se tornou nítida a identificação do candidato com o fascismo, o que elevou as postagens nas redes sociais com o uso da palavra e, consequentemente, as buscas no Google.

As pesquisas pelo termo no Google aumentaram uma semana antes das eleições e atingiram seu pico em 8 de outubro, um dia depois do primeiro turno. Nesse dia, a quantidade de buscas foi 10 vezes superior à média registrada desde 2004, ano de início do acompanhamento das métricas pelo Google. Ou seja, a pontuação chegou a 100, valor que representa o pico de popularidade do termo.

No dia da eleição (07), as pesquisas chegaram a 31 pontos, portanto, não chegou a metade de sua popularidade. No que se refere às consultas relacionadas ao termo fascismo e que tiveram uma rápida ascensão no período de trinta dias estão: “definição de fascismo”, “o que é realmente o fascismo”, “fascista sinônimo” e “o que é fascismo”, respectivamente.

Foi a proximidade da votação, o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas, sua rejeição e identificação como fascista que incentivaram as pesquisas no Google e levaram ao primeiro aumento incisivo nas buscas pelo termo entre 23 e 29 de setembro. Antes desse período, o teto de interesse pela palavra, desde 2004, havia alcançado no máximo 10 pontos.

A 10 dias do segundo turno, o elevado número de textos compartilhados contra o candidato segue. Enquanto isso, a procura pelo seu nome também acompanha sua ascensão nas urnas e nas pesquisas. Segundo o último Ibope, Bolsonaro tem 59% dos votos válidos e Fernando Haddad (PT) 41%.

Bolsonaro

O maior pico de procura pela palavra Bolsonaro foi no dia 6 de setembro, quando o presidenciável levou uma facada durante um ato em Juiz de Fora (MG) e depois no dia 7 de outubro, no primeiro turno das eleições.

Nas consultas relacionadas ao nome do candidato de extrema-direita e com aumento repentino, figuram a procura pelo show de Roger Waters, quando o cantor se referiu a Bolsonaro como neofascista do Brasil.

Democracia

Ao longo dos anos, a mensuração de buscas pelo termo “democracia” sempre oscilou, mas nunca havia chegado a 100 como aconteceu um dia após a eleição, em 8 de outubro. Sua pontuação máxima foi de 79 em maio de 2004.