“Bolsonaro é continuação do golpe”, diz Frente Ampla do Chile

Em declaração pública sobre as eleições presidenciais do Brasil, a coalizão de partidos de esquerda do Chile, Frente Ampla, afirmou que Jair Bolsonaro é um candidato fascista e representa a continuidade do golpe no país.

Bolsonaro - Reuters

"Esta figura fascista, machista, racista e homofóbica, faz apologia à violência e é defensor acérrimo da ditadura militar que assassinou e torturou cidadãos brasileiros entre 1964 e 1985", afirma o grupo, em documento divulgado na última semana.

De acordo com o movimento chileno, uma vitória de Bolsonaro "significará o aprofundamento da atual crise e um retrocesso à luta por direitos sociais, já que representa a continuidade do Golpe de Estado contra a Democracia".

No documento, a Frente Ampla declarou apoio ao candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, e ainda afirmou que nesta votação "está em questão a vitória ou a derrota de um golpe à democracia iniciado em 2016 com a destituição parlamentar da Presidenta Dilma Rousseff".

"Consideramos que esta eleição tem caráter transcendental para o destino do Brasil e da América Latina", declarou.

Leia o documento na íntegra:

Declaração pública Frente Ampla do Chile sobre a situação política no Brasil

Diante das eleições presidenciais ocorridas no Brasil no último dia 7 de outubro, na qual Fernando Haddad e Jair Bolsonaro irão disputaro segundo turno dia 28 do mesmo mês, nós, da Frente Ampla do Chile declaramos:

1. Consideramos que esta eleição tem caráter transcendental para o destino do Brasil e da América Latina. Nessa disputa está em questão a vitória ou a derrota de um golpe à democracia iniciado em 2016 com a destituição parlamentar da Presidenta Dilma Rousseff, golpe que se seguiu de um mandato totalmente ilegítimo e autoritário de Michel Temer, que implementa leis que operam como contrarreformas, tirando direitos sociais ao trabalho, à educação, à saúde, e ao patrimônio público, além de aumentando a repressão social.

2. Diante desse cenário, somos claras e claros em apoiar Fernando Haddad, membro do Partido dos Trabalhadores (PT), ex-ministro de Educação e ex-prefeito de São Paulo. Sustentamos nosso apoio respaldando de forma irrestrita a forças democráticas e populares que representam a luta contra o Golpe de Estado, pelo direito a um julgamento justo do ex-presidente Lula e a possibilidade certa de superar a grave crise econômica e política que vive atualmente o Brasil governado pela direita.

3. Somos taxativos, também, ao repudiar a possibilidade de que o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, chegue à Presidência. Esta figura fascista, machista, racista e homofóbica, faz apologia à violência e é defensor acérrimo da ditadura militar que assassinou e torturou cidadãos brasileiros entre 1964 e 1985. Sua chegada ao poder apenas significará o aprofundamento da atual crise e um retrocesso à luta por direitos sociais, já que representa a continuidade do Golpe de Estado contra a Democracia.

4. Nesses mesmos termos, apoiamos enfaticamente o movimento #elenão, organizado por mulheres brasileiras em repúdio ao candidato da direita e contra seus constantes discursos depreciáveis, sobretudo diante das desigualdades sociais entre homens, mulheres e da diversidade de opções sexuais. Cabe destacar que este movimento abre um novo capítulo para a luta feminista no País, sobretudo no contexto em que o Brasil é o quinto país com mais assassinatos de mulheres no mundo (de acordo com fontes da OMS), e conta com uma defasagem salarial de pelo menos 25% entre homens e mulheres (o que pode aumentar a 55% se se compara com homens brancos e mulheres negras).

5. Somamo-nos às forças irmãs da esquerda, centro, progressistas e aos movimentos sociais, urbanos e rurais do Brasil e da América Latina, respaldando a candidatura de Fernando Haddad, e conclamamos a redobrar os esforços de unidade e pôr em prática a campanha para demonstrar que as importantes mudanças que o Brasil precisa em políticas sociais, econômicas, de gênero e ambientais só poderão desenvolver-se a partir das forças de esquerda, democráticas e progressistas. O fascismo se combate com argumentos, com capacidades próprias, com força e com mais organização.

Pela unidade e a esperança de uma Pátria Grande Unida!

Chile, 11 de outubro de 2018.

Frente Ampla do Chile