Jovens são presos por panfletagem pró-Haddad em Campinas

 Dois jovens foram detidos na manhã desta terça-feira (16) pela Guarda Municipal de Campinas por participarem de panfletagem a favor do candidato à Presidência Fernando Haddad (PT), em frente ao portão do Terminal Central de Campinas.

O estudante João Pedro (centro), logo após prestar depoimento na PF - (Foto: ACidade ON)

De acordo com o portal de notícias A Cidade On, a GM teria abordado Marcela Carbone, de 27 anos e formada em artes cênicas pela USP, e João Pedro Buzalsky, de 20 anos e estudante do primeiro ano de Economia na Unicamp, por volta das 10h30. A alegação era a de que eles estariam fazendo panfletagem em uma área do Terminal Central, onde a propaganda política é proibida, por se tratar de um equipamento municipal.

Segundo relato divulgado pelo Centro Acadêmico do Instituto de Economia da Unicamp, os jovens alegaram que não estavam dentro do Terminal, e, sim, em frente ao portão, o que não seria proibido. O guarda teria insistido e se sentido ofendido com os questionamentos de ambos.

O material de campanha foi apreendido e os jovens passaram a dizer às pessoas em voz alta o que se passava. Em dado momento, os jovens afirmaram que tal atitude era autoritária e que se assimilava a uma volta da ditadura militar, ao que o guarda teria respondido: “É mesmo, já começou, você não sabia?", relata A Cidade On.

Os dois terminaram detidos por crime eleitoral e levados para o 1º Distrito Policial. De lá, foram encaminhados para a sede da Polícia Federal, no Botafogo, que é a responsável por apurar crimes eleitorais.

“Os dois começaram a prestar depoimento às 16h na PF. João Pedro já foi liberado. Um grupo de estudantes e amigos da dupla acompanha a movimentação do lado de fora. Segundo Adriana Nunes, coordenadora de graduação de economia da Unicamp, que está no local, os dois passam bem e não sofreram violência, mas estão assustados com a situação”, diz o portal de notícias. Do lado de fora, algumas pessoas acompanhavam o desenrolar do caso.

Em nota, a Guarda Municipal informou que os guardas orientaram os jovens a se retrirarem do local, já que seria proibido fazer propaganda eleitoral na área. Segundo a GM, as pessoas se recusaram a cumprir a ordem e passaram a insultar os guardas. "Por descumprirem a ordem de saída e por ameaçarem os guardas, foram detidos e encaminhados à Polícia Federal para registro da ocorrência”, afirma a nota.

O Centro Acadêmico do Instituto de Economia, contudo, apresentou outra versão para o ocorrido e criticou a ação da Guarda. “A grande problemática envolvida em tal conduta dos representantes da segurança pública, no entanto, é que os estudantes estavam em uma área que não condiz com os termos previstos nessa suposta lei. É um ponto tradicional de panfletagem. Sendo assim, houve um claro abuso de autoridade, sendo evidenciado até pelo diálogo travado entre as partes, com clara e explícita apologia aos tempos sombrios de ditadura proferida pela parte acusadora”, afirma em nota.

“Como instituição que em primeira instância zela pelo bem-estar de seus congregados, o centro acadêmico repudia veementemente os direcionamentos tomados pelas autoridades competentes e reitera sua preocupação com os rumos que a democracia brasileira vem tomando. Desde sua criação, o Instituto de Economia luta por uma sociedade mais igualitária e que respeita o Estado Democrático de Direito. Vivemos em tempos de obscurantismo, com uma escalada do reacionarismo e da violência estimulada pela polarização do cenário eleitoral. O que é inaceitável, todavia, é o uso da máquina pública em prol de determinados interesses, sejam eles de qualquer natureza”, completa o texto.