Nagyla Drumond: O Brasil e o Deus que ele defende não inclui você

“Pense. Pare um minuto. Veja para além das frases de efeito. Um país não se governa com despreparo, com gritos e armas. Isso já foi vivido e não adianta. Pense em você, pelo menos em você”.

Por Nagyla Drumond*

Jair Bolsonaro - Reprodução

Jair Bolsonaro tem um projeto sórdido para nosso país. Suas propostas denotam a desconstrução completa de nossa democracia e soberania. Nesta segunda-feira (15), enquanto Haddad e Ana Estela parabenizam os professores e professoras brasileiras, o capitão lesa pátria vai a uma unidade da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o BOPE, pra dizer que os capitães mandarão no país.

Você, eleitor inconformado com tudo e com todos, não consegue enxergar o que Bolsonaro representa? O que dizer de "Deus acima de tudo, Brasil acima de todos"? Quem é Deus para você? O que e quem é o Brasil para você? Não adianta vociferar com uma arma na mão. Vocês não serão privilegiados, não serão. Pois, com Bolsonaro, não haverá estatais, não haverá universidades públicas, não haverá Institutos Federais, não haverá geração de emprego, não haverá crescimento do PIB nem tampouco combate à corrupção e transparência nas contas públicas, nem muito menos o mercado suporta suas necessidades.

O Brasil e o Deus que Bolsonaro defende não inclui você que é religioso, que paga suas contas em dia, que bota comida na mesa de sua família, que tem filhos na escola e nas universidades. Bolsonaro tem aversão a pobre, tem horror aos trabalhadores e trabalhadoras. E até mesmo a classe média, essa que você integra, até mesmo essa, está, apenas, sendo usada por Bolsonaro e sua turma. Ele está usando a boa fé do povo, de quem comprou carro, casa própria, de quem viajou de avião, de quem realizou sonhos durante os anos de Lula e Dilma, de quem passou a comer três vezes ao dia. Ele está iludindo jovens que, por não ter passado pelo que a minha geração passou, acha que sempre haverá Estado pra garantir o básico a todos. Para Bolsonaro, o estado é mínimo e precisa servir aos que concentram riquezas.

Você pode não concordar com Lula, com Dilma, com o PT, com o PCdoB, com Ciro Gomes. Você pode querer nos eliminar. Mas, tenho que lhe dizer que não seremos só nós, os eliminados. Você será eliminado também. Esmagado pelo arrocho salarial, pela inflação e pela perseguição que chegará a você e aos seus filhos.

Podemos estar em lados opostos, mas, com Bolsonaro, seremos personagens de um país arrasado. Com Haddad, mesmo que estejamos em lados opostos, teremos um presidente que comandará um país grande, democrático e soberano. Por mais raiva que você possa sentir, com #HaddadManu, o Brasil será muito melhor, inclusive para você.

Não adianta falar mal da democracia. É o Estado Democrático de Direito que sustenta suas "opiniões", mesmos quando elas prezam pela propagação da crueldade e o ódio ao povo. Não adianta, também, falar mal de direitos humanos. Todos os dias, vocês são protegidos por leis que impedem que um esquerdista, como vocês gostam de nos nominar, repitam com vocês o que vocês vociferam por aí a fora. Não adianta romper o compromisso com a soberania, não adianta. Você também será atingido se formos transformado num bordel de jogatinas diversas. Não adianta berrar contra gays, lésbicas, bissexuais, negros, pessoas com deficiência, artistas e professores progressistas. Não adianta. Sua vida não melhorará se você ou o seu candidato matar todos os que pensam e são diferentes dos padrões que você julga correto.

Viu como não adianta? Viu como você está apenas fazendo o jogo daquele que vai lhe jogar na vala do lixo e rir da sua cara?

Pense. Pare um minuto. Veja para além das frases de efeito. Um país não se governa com despreparo, com gritos e armas. Isso já foi vivido e não adianta. Pense em você, pelo menos em você.

*Nagyla Drumond é socióloga, professora e doutoranda em sociologia.

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