Bolsonaro é aposta de empresários assim como foi Temer 

O movimento de empresários declarando voto no candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), às vésperas da eleição confirma que a agenda de Michel Temer e Bolsonaro é a mesma. Na verdade, os empresários esperam que se o candidato do PSL chegar à presidência trate de aprofundar a reforma trabalhista e manter o teto de gastos. 

Temer e Bolsonaro - Fotomontagem: Plantão Brasil

Setores do empresariado pró-Bolsonaro apostam que ele tem como principal objetivo garantir o lucro às custas da redução de salário, precarização das relações de trabalho e fim das políticas públicas de saúde e educação.

O discurso do empresariado alinhado à agenda de Temer busca em Bolsonaro assegurar mais um governo comprometido com o mercado e no qual os direitos dos trabalhadores e as conquistas básicas da população não caibam no orçamento público.

Paulo Guedes: Compromisso com o mercado e contra o povo

Paulo Guedes, como o mentor do plano econômico de Bolsonaro, é a garantia desse aprofundamento da política econômica liberal que é praticada no governo Temer. Daí a necessidade de preservar o teto de gastos, que congelou por 20 anos investimentos em saúde, educação e segurança pública.

O empresário Paulo Skaf (na foto com Temer), candidato ao governo de São Paulo pelo MDB, declarou voto em Bolsonaro no segundo turno. Romeu Zema, do grupo Zema, pediu votos para Bolsonaro em debate na rede aberta. Integrante do Partido Novo, Zema surpreendeu a legenda. Assim como ele, Salim Mattar (Localiza), que é simpatizante do Partido Novo, passou para o lado de Bolsonaro.

“Ambos [Amoêdo e Bolsonaro] farão governos disruptivos. Escolhas para ministério e a administração pública serão técnicas e não haverá toma lá dá cá. Ambos são conservadores nos valores da família e liberais na economia, apoiarão a Lava Jato, serão firmes no combate à criminalidade e favoráveis ao direito do cidadão adquirir e portar armas”, declarou Mattar à Folha de S. Paulo.

Luciano Hang, empresário das lojas Havan, na região Sul, dos mais entusiastas da candidatura de Bolsonaro, foi proibido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de obrigar trabalhadores das lojas a votarem no candidato do PSL. A tentativa de coação vinda de empresários tem inundado o MPT de denúncias.

Empresários apostam no caos social

Guilherme Mello, economista da Unicamp, afirmou ao site Tutaméia que o golpe que levou Temer à Presidência “tirou de cena um projeto que via o povo brasileiro como solução”. Ele foi um dos formuladores do projeto econômico do candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad. Na opinião do economista o governo Temer levou o país ao caos.

“Os únicos que têm a temer numa vitória de Haddad são aqueles que não produzem, não trabalham e só enriquecem. Esses têm a temer porque o programa que o Haddad representa ataca os interesses deles, propõe distribuição de renda. Mas mesmo esses caras, se pensarem com a cabeça fria, vão ver que é muito melhor viver num país que tem emprego, que está crescendo. Que podem ganhar mais dinheiro do que vivendo num pais como hoje, que é o caos social. Isso não é bom para ninguém”, declarou.