Os “salvadores da pátria” e suas consequências

 "Como se a história do Brasil teimasse em reprisar tragédias surge um novo “salvador”, desta vez mascarado de “Patriota Justiceiro”, por nome Bolsonaro".

Por Aluisio Arruda*

Bolsonaro - Foto: Arquivo

Em 1960 se elege presidente do Brasil Jânio Quadros, pela UDN, partido de direita, sob o lema “varre, varre vassourinha, varre, varre a bandalheira”.

Apesar de alertado pelos partidos de oposição como tresloucado e incompetente, seus eleitores que o consideravam “Salvador da Pátria” o elegem com cerca de 48% dos votos.

Em sete meses de governo já estava instalada grave crise institucional que o obrigou à renúncia. A consequência foi ainda mais grave; o vice João Goulart eleito pelos partidos de esquerda é derrubado pelos militares que instalaram uma ditadura feroz que perdurou por 21 anos, somente vencida por milhões de brasileiros nas ruas através das Diretas Já.

Na eleição de 1989 novamente chega ao poder outro “salvador”, “Caçador de Marajás”, por nome Collor de Melo, também ungido pelos partidos de direita com total apoio da mídia liderada pela Rede Globo. Seus eleitores representados nas elites, na classe média e no chamado lumpesinato, fizeram ouvidos moucos aos alertas dos setores populares de que se tratava de um “líder” despreparado e inconsequente.

Dois anos de governo foram suficientes para que os brasileiros o banissem do poder através de um impeachment motivado por atos tresloucados na economia, como confisco da poupança e corrupção.

Hoje, como se a história do Brasil teimasse em reprisar tragédias surge um novo “salvador”, desta vez mascarado de “Patriota Justiceiro”, por nome Bolsonaro.

Este talvez piorado se comparado com Jânio, com certa experiência administrativa como ex-governador de São Paulo e Collor, ex-governador das Alagoas. Como curriculum o novo “salvador”, ex- capitão banido da ativa do exército por atos terroristas, passado por sete mandatos como deputado federal e nove partidos, sem apresentar nenhum projeto relevante ou qualquer legado que o qualificasse ao cargo máximo da República.

As únicas credenciais são, além do apoio dos mesmos setores elitistas e vastas camadas da classe média, dos partidos de direita e da Globo, apresenta também propostas mirabolantes, como privatização de todas as empresas públicas, implantação de imposto único que alivia os ricos e sobrecarrega ainda mais os trabalhadores, a volta do CPMF, fim das férias e do 13º salários (que seriam jaboticabas nas costas dos empresários), discriminação da mulheres, dos Sem Terras, negros, quilombolas, LGBTs e outras minorias.

Para completar seu rosário de impropérios, ele e seu vice General, ameaçam com intervenção militar, caso não sejam eleitos.

Diante de tristes exemplos da história, valeria perguntar, quanto tempo de governo teria esse novo “Salvador”, e quais seriam as consequências advindas dessa nova aventura que as nossas elites e expressivas camadas da classe média pretendem arrastar o Brasil.