PT diz que Moro vaza mentiras para interferir na eleição e aciona CNJ

Após o juiz Sérgio Moro ter quebrado o sigilo da delação do ex-ministro Antônio Palocci, o PT emitiu uma nota na qual afirma que o magistrado "vaza mentiras" "para interferir nas eleições". Deputados do partido entraram com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), acusando Moro de cometer "ataque gravíssimo ao processo eleitoral e à democracia".

Foto:Lula Marques

"O juiz Sergio Moro é o responsável por mais uma interferência arbitrária e ilegal no processo de eleições, ao dar publicidade às mentiras de Antonio Palocci, que não tem credibilidade nem moral para falar sobre o PT", diz a nota do partido.

A sigla diz ainda que a "delação mentirosa de Palocci" foi negociada em troca da redução de dois terços de sua pena, prevendo até perdão judicial, da devolução de R$ 37 milhões, que é menos da metade do que teria sido bloqueado em suas contas, e da preservação de todos os imóveis da família.

"O nome disso é negócio; negócio político, nada a ver com a busca da verdade nem com o devido processo legal", defende o PT, que lembra ainda que a delação foi rejeitada pelo Ministério Público e sequer poderá ser usada na ação penal que Moro conduz.

O partido resslata também que, em 15 de agosto, o juiz adiou depoimentos do ex-presidente Lula que estavam marcados para agosto e setembro, sob o argumento de evitar “exploração eleitoral” dos interrogatórios. "Agora, na ultima semana do primeiro turno, Moro promove a exploração eleitoral, pelos meios de comunicação, de um depoimento antigo, imprestável e forjado para incriminar o PT", critica.

De acordo com a nota, a "manobra de Moro, uma vergonhosa chicana, é mais uma prova do desespero daqueles que usaram o aparelho do estado, nos últimos anos, para tentar destruir Lula e o PT, e agora vêm que a verdadeira Justiça será feita pelo povo, nas eleições de outubro".

Representação

A decisão dee Moro de tornar público o depoimento de Palocci às vésperas da eleição levou o líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), e os parlamentares Wadih Damous (RJ) e Paulo Teixeira (SP) a entrar com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), solicitando a suspeição do juiz de Curitiba.

Segundo Pimenta, “o ato de Sergio Moro é ataque gravíssimo ao processo eleitoral e à democracia! Tem o mesmo teor do que cometeria o juiz Rocha Cubas, que pretendia, em conluio com Bolsonaro, recolher urnas eletrônicas na véspera da eleição. Moro tem que ser afastado imediatamente das suas funções!”

O deputado destaca que a decisão de Moro é irresponsável por diferentes motivos: o fato do Ministério Público não querer homologar a delação; o relator Gebran ter afirmado que “não cabe neste momento o exame detido do conteúdo das declarações”; e Palocci não ter apresentado nenhuma prova.

Para Wadih Damous, “o juiz Sérgio Moro, como sempre, quando se trata do ex-presidente Lula demonstra sua parcialidade, toda a sua seletividade. Ele resolveu divulgar aquilo em que Palocci compromete Lula e Dilma, e manteve sob sigilo aquilo que não interessa, na véspera da eleição”.

Segundo o deputado carioca, “mostra que é um juiz absolutamente não comprometido com a ordem jurídica, um juiz parcial, que não tem mais condições de continuar exercendo o cargo. Ele já ultrapassou todos os limites e só continua fazendo o que faz devido à impunidade, da blindagem que recebe do Supremo, da Rede Globo”.

Pimenta ainda acrescentou que “é absolutamente inaceitável que Sergio Moro sinta-se desobrigado de respeitar a Constituição, a Lei da Magistratura e os códigos que regulam o Estado de Direito e ataque de forma tão sórdida e vil o processo eleitoral, que é a essência da democracia. Ele não está acima da lei!”