Golpismo que gerou Bolsonaro preferia que eleições não acontecessem

O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, declarou ao Portal Vermelho que o consórcio que derrubou a presidenta eleita Dilma Rousserff, e do qual o candidato à presidência Jair Bolsonaro faz parte, não queria eleições. “Quando Bolsonaro ameaça pela imprensa que não reconhecerá eleição se ele não ganhar ele representa o sentimento dos golpistas que buscavam outra via que não passasse pela vontade do eleitor”.

Por Railídia Carvalho

bolsonaro e datena

Na sexta-feira (28), Bolsonaro deu entrevista ao programa de Luiz Datena na televisão. Na ocasião, o candidato do PSL afirmou: "Pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição".

Adilson emendou: “A turma que deu o golpe, os representantes do liberalismo, conservadorismo e fascismo não queriam eleições. Queriam levar no tapetão, propor uma via alternativa ao voto. Por isso pedíamos novas eleições diretas logo depois do impeachment. O que precisamos agora é salvaguardar os direitos do eleitorado para que o resultado das urnas seja reconhecido. Por isso é importante o repúdio a essas declarações de Jair Bolsonaro”.

Ainda de acordo com ele, colocar em xeque o resultado eleitoral é a resposta dos derrotados. “Ele sabe que está sendo derrotado porque a agenda dele não representa o interesse da nação. Bolsonaro representa o preconceito contra pobres, mulheres, negros. Quer o fim do 13º salário. Advoga o racismo, a intolerância, a liberação das armas. A população não se mostra disposta a engolir essa agenda ultraliberal e fascista”, analisou o sindicalista.

Na opinião do presidente da CTB, a ameaça de Bolsonaro afronta a democracia e a Constituição Federal. “É sobre a égide da Constituição que as eleições vão acontecer e a gente deve ficar vigilante. Uma vez eleito quem quer que seja o que vale é a mensagem do povo. Neste momento, a subida de Fernando Haddad se aproximando de Bolsonaro mostra que o povo quer ver o Brasil livre das mazelas e desigualdades”, opinou.

Último a ter a candidatura definida, Fernando Haddad (PT) é o candidato que mais cresce nas pesquisas. Nesta segunda-feira, pesquisa do BTG Pactual mostrou que Haddad cresceu de 23% para 24% enquanto Bolsonaro oscilou negativamente de 33% para 31% nas intenções de voto.

“À luz da criminalização da política que buscou macular setores democráticos e populares nós estamos às portas da quinta vitória do povo brasileiro”, enfatizou Adilson. Haddad e a vice Manuela d'Ávila representam o projeto político que se iniciou com a eleição de Lula em 2002, conseguiu a reeleição de Lula (2006) e depois a eleição (2010) e reeleição de Dilma Rousseff (2014), atingida pelo golpe de 2016 que levou Michel Temer à presidência.

Segundo Adilson, o processo eleitoral demonstra que o golpe "que tirou de assalto" o mandato legítimo de Dilma não vem sendo legitimado pela população. “Com Temer e o apoio de Alckmin e Bolsonaro o Brasil entrou na sua pior crise econômica e social com perda de direitos e patrimônio público dilapidado. Mesmo com a criminalização da política a politização tem sido grande. Veja a manifestação #EleNão organizada pelas mulheres no sábado (29) contra a candidatura de Jair Bolsonaro”.

O interesse de outros países pela tecnologia das urnas eletrônicas brasileiras dão prova de que o sistema é extraordinário, disse Adilson. “Com a urna eletrônica o Brasil aboliu o fantasma da fraude. Esse exemplo da eleição foi reivindicado por outros países haja visto o tamanho da segurança que representam as urnas, desde a votação propriamente dita até a apuração do resultado”.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou após a primeira insinuação de Jair Bolsonaro sobre fraude que as urnas eletrônicas são "totalmente confiáveis". O ministro lembrou ainda que o candidato a presidente "sempre foi eleito" por meio desse equipamento.