NAFTA, antigo tratado entre EUA, México e Canadá, agora é USMCA

Após algumas tensões especialmente entre Estados Unidos e Canadá, o tratado entre os três países participantes foi reeditado e concretizado; a pedido de Trump, a sigla mudou

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No domingo (30), os Estados Unidos fecharam com o Canadá um acordo para incorporá-lo ao pacto com o México. A antiga NAFTA, tratado que regulamenta desde 1994 os intercâmbios entre os três países, agora se chama USMCA, fazendo referância às iniciais de cada país membro. A mudança foi uma condição do governo Trump.

“Hoje, Canadá e EUA alcançaram um acordo, junto ao México, sobre um novo e modernizado tratado comercial para o século XXI”, anunciaram em um breve comunicado conjunto o representante norte-americano de Comércio Exterior, Robert Lighthizer, e a ministra canadense de Relações Exteriores, Chrystia Freeland. Os principais responsáveis políticos pela negociação disseram que o texto criará um mercado livre, um comércio justo e fortalecerá o crescimento econômico na região. “Esperamos poder aprofundar ainda mais nossos estreitos laços econômicos quando entrar em vigor”, concluíram, agradecendo também a colaboração mexicana.

"É um bom dia para o Canadá", limitou-se a dizer o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, ao final de uma reunião rápida com seu Gabinete, já perto da meia-noite pelo horário de Ottawa. Salva-se, assim, um texto que permite o comércio anual sem barreiras de bens e serviços avaliados em 1,2 trilhão de dólares, e que quadruplicou o comércio entre seus membros desde que entrou em vigor, um quarto de século atrás. O acordo fica agora pendente do aval dos Parlamentos dos três países signatários. O peso mexicano e, sobretudo, o dólar canadense reagiram com alta à notícia do pacto entre os Executivos.

O Nafta, que passou meses pendurado por um fio que Trump ameaçou cortar em repetidas ocasiões, será mantido com outro nome, mas com seus três sócios a bordo e mudanças que não devem ser muito impactantes. O acordo permite, além disso, que Donald Trump apresente um primeiro pacto internacional relevante, a pouco mais de um mês das cruciais eleições legislativas, e consolide a relação com dois de seus aliados tradicionais, em plena guerra comercial com a China. Aberta – pela vontade do próprio presidente – a caixa de Pandora com duas rodadas de tarifas contra o gigante asiático, a maior potência mundial precisa de aliados em sua disputa com Pequim.

Trump e o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, pactuaram há um mês um texto com a ideia de incluir o Canadá – como afinal aconteceu –, a fim de atualizar o acordo assinado em 1994.

O país latino-americano então respirou aliviado: 80% de suas exportações teriam proteção jurídica nos próximos anos. Mas faltava que o Canadá aceitasse o texto e aderisse ao pacto.

Para o primeiro-ministro do país, apesar dos frequentes encontrões com Trump, era importante encerrar essa questão o quanto antes, por uma razão de dependência comercial – 76% das exportações canadenses vão para os EUA, além de 1,5% para o México, seu quinto maior sócio comercial.

A tensão entre Trudeau e Trump foi agravada especialmente pela taxações protecionistas norte-americanas de 25% e 10% contra as importações de aço e alumínio. O acordo-marco, por enquanto, não evitará que os EUA continuem aplicando essas tarifas. O Canadá espera que as conversações continuem, para que essas alíquotas sejam suspensas quando o novo tratado trilateral for firmado, dentro de dois meses.