Bolsonaro: “Não aceito resultado diferente da minha eleição”

Do Hospital Albert Einstein, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) reafirmou seu caráter antidemocrático, nesta sexta-feira (28), em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da Band, e disse que não aceita um resultado das eleições que não seja a sua vitória. "Não posso falar pelos comandantes [militares]. Pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição", declarou.

Bolsonaro

De acordo com ele, o PT – que já venceu quatro eleições para a Presidência e cujo candidato está em segundo lugar nas pqesquisas – só poderia vencer as eleições, a partir de uma "fraude". Não é a primeira vez que o candidato se coloca desta forma, alegando que, se o povo fizer outra escolha que não pela sua candidatura, a eleição será fraudulenta.

Mais uma vez, ele afirmou que as urnas eletrônicas – apesar de serem referência internacional de lisura no pleito – poderiam prejudicar a sua candidatura. Na entrevista desta sexta, ele acrescentou que, inclusive, desconfia de "profissionais dentro do Tribunal Superior Eleitoral".

"Em 2015, eu aprovei o voto impresso, mas o Supremo derrubou. Não temos como auditar o resultado disso. A suspeição vai estar no ar. Se você ver como eu sou tratado na rua e como os outros são tratados, você não vai acreditar. A diferença é enorme", afirmou, numa tentativa de criar um ambiente de suspeição em relação ao pleito. 

O presidenciável foi questionado se existiria atualmente alguma possibilidade de um novo golpe militar. Ele respondeu "não acreditar" em chance de "golpe", mas ressaltou que, se o PT vier a ganhar a eleição e cometer uma "primeira falta", os militares teriam legitimidade para agir.

"O que vejo nas instituições militares é que não tomariam iniciativa. Mas na primeira falta, poderia acontecer [uma reação] com o PT errando, sim. Nós, das Formas Armadas, somos avalistas da Constituição. Não existe democracia sem Forças Armadas", afirmou.

Bolsonaro também criticou o sue companheiro de chapa, o general Hamilton Mourão. Disse que "o vice geralmente não apita nada, mas atrapalha muito". Desta forma, ele tenta se distanciar das declarações impopulares de Mourão, que esta semana explicitou o projeto que representa, ao  condenar o 13º salário, o pagamento das férias e a estabilidade dos servidores públicos.

Deixando ainda mais claro desencontro dentro de sua campanha, Bolsonaro declarou que ordenou que Mourão ficasse quieto. "Falei, sim, para o Mourão ficar quieto, porque estava atrapalhando", afirmou. "Realmente, ele tem as suas posições e as expõe, mas as consequências são medidas. Uma frase fora de contexto e já era", completou.