Mulheres, contra o fascismo, pela democracia

O protagonismo das mulheres na luta pela democracia e progresso social é permanente no Brasil.

Por José Carlos Ruy

Atrizes na Passeata dos Cem Mil - Divulgação

Esta luta, que pode ser medida por séculos, registra alguns nomes históricos, como Bárbara Heliodora, heroína da Inconfidência Mineira, ou aquelas cuja coragem e destemor marcaram a luta pela independência, entre elas Joana Angélica, Maria Quitéria, Maria Felipa e Barbra de Alencar; há também coletivos heróicos, como o das mulheres que lutaram em Tejucopapo.

Mais perto de nós, no tempo, há aquelas que lutaram pela paz e contra o engajamento do Brasil em guerras imperialistas – como a comunista Elisa Branco que, no desfile de 7 de setembro de 1950, abriu a faixa onde clamava “Os soldados nossos filhos não irão para a Coréia”. Foi presa e condenada pela ousadia de confrontar o governo do marechal Dutra e exigir a paz.

A lista é enorme. Cabe lembrar aqui aquelas que se destacaram na luta e na resistência democrática contra a ditadura militar de 1964. Mulheres que desempenharam a tarefa de organizar o povo, das periferias pobres das cidades brasileiras até os setores democráticos de classes mais abastadas e que se insurgiam outra o arbítrio.

Sem o trabalho e a dedicação de mulheres como as comunistas Loreta Valadares e Gilze Cozenza (que representa nesta lista inúmeras outras lutadoras de enorme denodo), a freira Cecília Hansen, Ana Dias da Silva, a pedagoga e ex-freira Irma Passoni, a professora Maria da Conceição Peres, entre tantas outras, o movimento das mulheres não teria a extensão, territorial e social, que teve nas décadas de 1970 e 1980. Elas organizaram clubes de mães, comunidades eclesiais de base, movimentos por creches, escolas, água encanada, transporte, em seus bairros e locais de moradia e construíram, desde meados dos anos 70, as bases do grande movimento de protesto contra a ditadura e de organização do povo que foi o Movimento do Custo de Vida (que depois mudou o nome para Movimento Contra a Carestia), com repercussão intensa na mobilização democrática do povo contra a ditadura, mobilização que cresceu naqueles anos e que, sem exagero, pode-se dizer que confluiu anos depois na campanha das Diretas Já, que levou finalmente ao fim da ditadura.

Outra liderança feminina que mora no coração dos brasileiros é a advogada e ativista dos direitos humanos Therezinha Zerbini, que – em 1975, que a ONU declarou Ano Inernacionl da Mulher – fundou o Movimento Feminino pela Anistia, que congregou democratas, muios de classe média, e reforçou a exigência pelo cancelamento das condenações e leis de exceção, e denunciou as torturas e perseguições da repressão aos opositores políticos. Seus comitês se espalharam pelo Brasil confluindo, em 1978, na criação, com a participação da Odem dos Advogados doBrasil, do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA), que teve papel decisivo na mobilização popular pela conquista desta bandeira democrática, que ocorreu na Lei de Anistia de 1979.

As mulheres tem lutado no Brasil pela ampliação da democracia, para além do formalismo tolerado pela classe dominante. Tem sido contra o fascismo e o autoritarismo. A mesma disposição democrática e progressista revelada, hoje, por milhões de brasileiras que lutam contra a ameaça fascista designada pelo dístico #EleNão!