Líder palestino cobra Trump pelas suas decisões na ONU

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, pediu aos Estados Unidos para recuarem de sua decisão de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e de cortar a ajuda aos palestinos, dizendo que tais medidas minaram a solução de dois Estados para o conflito

Abbas na ONU

“Com todas as suas decisões, o Governo americano retrocedeu em todos os compromissos antes assumidos pelo seu país e pôs inclusivamente em perigo a solução de dois Estados”, disse Abbas na abertura da 73.ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.

“Os Estados Unidos acuam como mediadores mas nós encaramos eles com outro olhar”, disse Abbas ao mencionar o reconhecimento, por parte dos EUA, de Jerusalém como capital de Israel ou o corte na ajuda à agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).

“Os Estados Unidos não devem ser os únicos mediadores”, acrescentou Abbas, respondendo ao Presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu na terça-feira (25) apresentar um plano de paz para o Oriente Médio dentro de “quatro meses”.

“Temos à nossa disposição um Quarteto, muito bem, os Estados Unidos podem participar desse Quarteto”, acrescentou, numa referência para a paz no Oriente Médio que reúne EUA, Rússia, União Europeia e ONU.

“Jerusalém não está à venda” e “os direitos dos palestinianos não são negociáveis”, disse o presidente palestino no início do discurso. “Queremos um Estado com fronteiras bem definidas. Só depois poderemos coexistir pacificamente com Israel”.

“Jerusalém Ocidental no seu conjunto é a nossa capital”, insistiu Abbas, após um encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres, onde foi reafirmado o “compromisso comum” pela solução a dois Estados, com Jerusalém como capital partilhada.

Abbas recordou que entre os 193 países das Nações Unidas “183 reconheceram o Estado da Palestina”. E insistiu: “Apelo a todos os países do mundo, e aos que ainda não o fizeram, a concretizar esse reconhecimento”.

O presidente palestino também anunciou que “o Estado da Palestina foi eleito para presidir em 2019 ao Grupo dos 77", que junta os países da ONU em desenvolvimento, recebendo fortes aplausos na sala.

Formado originalmente para favorecer os interesses econômicos dos seus membros, esta coligação de Estados em desenvolvimento, que mantém a designação de Grupo dos 77 apesar dos 134 que atualmente congrega, tornou-se numa força de negociação na ONU.