Após vice propor fim do 13º, Bolsonaro corre para reverter estrago

A crise está instaurada no QG da direita ultraconservadora. Diante na repercussão negativa da afirmação do seu vice de chapa, general Hamilton Morão, de que o 13º salãrio e o adicional de férias são "jabuticabas" que deveriam ser extintas, o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), correu para as redes sociais para desmentir o próprio vice e tentar reverter.

Por Dayane Santos

Bolsonaro nas redes desmente Mourão - Reprodução

Com Fernando Haddad (PT) disparando em todas as pesquisas de intenção de votos e já sinalizando um empate técnico, Bolsonaro tenta emendar o estrago feito pelo seu companheiro de chapa. Ele disse em sua página no Twitter que só critica o 13º salário quem desconhece a Constituição, além de ser uma "ofensa" a quem trabalha.

Em discurso na terça-feira (25), na Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (RS), Hamilton Mourão defendeu pensamento neoliberal na economia e, seguindo a premissa estabelecida pelo próprio Bolsonaro – que disse que o "trabalhador brasileiro teria que escolher entre ter mais direito e menos emprego ou mais empregos e manos direitos -, o general disse que os direitos trabalhistas encarecem a contratação de mão de obra no país.

"Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que são uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13? É complicado. E é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. É aqui no Brasil. Então, são coisas nossas. A legislação que está aí é sempre aquela visão dita social, mas com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo", afirmou Mourão.

Agora, como candidato, Bolsonaro passa um verniz no seu discurso e de seu vice. "O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa à quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição".

Mourão, pelo que tudo indica, já pensou nisso, pois já defendeu a realização de uma nova Constituinte, mas desta vez, sem a participação popular. Apenas com nomes de "notáveis" escolhidos por ele.