Aloysio descarta Alckmin e acena para Bolsonaro

Com a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) patinando nas pesquisas desde a pré-campanha, lideranças tucanas e do centrão estão sinalizando que para tentar impedir a quinta derrota consecutiva nas urnas do campo progressista, poderão embarcar na nau do ultraconservador Jair Bolsonaro (PSL).

Aloysio Nunes - Divulgação

É o que indica a declaração do ministro tucano de Temer, Aloysio Nunes (Relações Exteriores), em entrevista à BBC Brasil. Segundo ele, uma eventual eleição de Bolsonaro não resultará em "nenhum retrocesso" para as relações internacionais brasileiras, pois o ultraconservador "joga de acordo com as regras da democracia".

A afirmação de Aloysio não surpreende. Ele foi vice na chapa de Aécio Neves, em 2014, e após a derrota disse que queria ver a presidenta Dilma Rousseff “sangrar”. Atuou na articulação do golpe de 2016 e integra o governo Temer desde então.

"Nós temos opiniões conservadoras, fortemente conservadoras na sociedade brasileira, que se refletem na política. Elas não tinham encontrado até agora um canal de manifestação política. Agora encontraram no Bolsonaro", afirmou. Numa demonstração de que já considera Alckmin carta fora do baralho, ele sequer citou o candidato do seu partido na entrevista.

Segundo ele, apesar das afirmações em defesa da tortura, da realização de uma nova Constituinte, sem a participação popular e da defesa da redução de direitos feitas por Bolsonaro e seu vice, o general Hamilton Morão (PRTB), no Brasil, “não há o menor risco de retrocesso em relação à democracia”.

“Há hoje duas candidaturas que se colocam como antípodas no universo político brasileiro, que são as candidaturas que estão hoje na frente (Bolsonaro/PSL e Fernando Haddad/PT), mas nenhuma delas contesta o regime democrático, tanto é que se apresentaram perante o eleitorado para obter os seus sufrágios. O deputado Jair Bolsonaro joga de acordo com as regras da democracia. Tanto é que é deputado há 30 anos”, minimizou o tucano.

Questionado sobre as manifestações públicas de eleitores pró-Bolsonaro que pedem a "intervenção militar", Aloysio disse são “meia dúzia de fanáticos”. “Não têm a menor relevância”, completa.

Para ele, as vozes conservadoras encontraram um canal em Bolsonaro, “mas não quer dizer que sejam contrários à democracia, eles são conservadores, especialmente em matéria de costumes”.