Em debate engessado, Haddad rebate ataques com propostas

Engessado e morno. Assim foi o debate do SBT realizado nesta quarta-feira (26), em parceria com o Uol e a Folha de S. Paulo. A primeira parte do debate, os candidatos fizeram perguntas entre si, sendo a ordem definida por sorteio. O primeiro a perguntar foi Guilherme Boulos, candidato do Psol, que escolheu Geraldo Alckmin (PSDB) para questionar sobre o tema educação.

Por Dayane Santos

Haddad debate SBT - Reprodução

Boulos lembrou que foi professor em São Paulo e viu de perto o desmonte do ensino público e questionou: “Cadê o dinheiro da merenda?”, numa referência ao escândalo de desvio de verbas na gestão tucana do governador de São Paulo.

Alckmin se esquivou do tema merenda e respondeu falando que os ciclos básicos cresceram na avaliação do Ideb. Na réplica, Boulos disparou: “Sabemos que você não é nenhum santo”, provocando risos da platéia.

Em seguida foi a vez do do presidenciável Ciro Gomes (PDT), que dirigiu a sua pergunta ao candidato Fernando Haddad (PT). Ciro questionou a proposta para o meio ambiente e voltou a fazer o discurso de que o país precisa de um presidente experiente, numa estratégia para se contrapor a Fernando Haddad.

Marina e o golpe de 2016

O debate seguiu nesse sistema em que o candidato perguntava para, na réplica, falar de suas propostas, intercalando com momentos de indignação do Cabo Daciolo, que parecia ainda estar no monte. Até que Fernando Haddad dirigiu a sua pergunta para Marina Silva (Rede) para falar sobre emprego. O candidato petista lembrou que os governos Lula e Dilma geraram mais de 20 milhões de empregos e questionou quais eram as propostas para a geração de emprego e a posição da candidata sobre a Emenda 95, do teto de gastos, a reforma trabalhista e a terceirização.

Marina disse que a primeira coisa que faria para gerar emprego é "recuperar a credibilidade" que foi perdida, segundo ela, por culpa do PT, PMDB e do PSDB – este último que ela apoiou nas eleições presidenciais de 2014 – que colocaram Michel Temer como vice.

Haddad rebateu lembrando que Marina Silva, ao apoiar o impeachment, foi quem ajudou a colocar Temer na presidência. "O Temer traiu a Dilma e não conseguiria chegar à presidência se não fosse o apoio da oposição. E você participou desse movimento para colocar o Temer lá com as consequências conhecidas", enfatizou.

Chapa de 'dreamteam': Haddad e Ciro

No segundo bloco os jornalistas dirigiam as perguntas aos candidatos. Fernando Canzian, da Folha de S. Paulo, questionou Fernando Haddad sobre as visitas que faz ao ex-presidente Lula e se tais visitas não poderiam passar a imagem de que ele é um “candidato teleguiado”.

Haddad lembrou que ele é um dos advogados do ex-presidente Lula que foi condenado sem provas e está preso injustamente. “Sou com muita honra o advogado do Lula e vou lá todas as segundas-feiras porque ele está injustamente preso por uma sentença que não para em pé. E eu não vou sossegar enquanto ele não tiver um julgamento justo”, salientou ele, destacando ainda que foi o coordenador do plano de governo e que, como presidente sua tarefa é "cumprir o programa aprovado nas urnas”.

O petista também aproveitou para cutucar a resposta dada por Ciro, que disse que não pretende ter o PT no seu governo. "Mas ele me convidava para ser vice dele, chamava a chapa de 'dreamteam'”, ironizou Haddad, reafirmando que o seu compromisso é com o diálogo e que vai fazer alianças com quem concordar com o programa de governo aprovado pelas urnas.

Em seguida, Diogo Pinheiro, do UOL, questionou Henrique Meirelles se ele manteria as propostas para reforma da previdência do governo Temer e se ele daria um cargo de ministro para o peemedebista para garantir o foro privilegiado. Meirelles demonstrou nervosismo e não detalhou a proposta sobre a previdência, se limitando a dizer que o sistema atual é injusto.

Sobre a participação de Temer em um eventual governo, Meirelles desconversou, disse que sempre buscou pessoal qualificado para compor sua equipe. “Participação no governo eu sempre escolhi uma equipe de qualidade. Todos os que trabalharam comigo são pessoas de alto desempenho. Competência e integridade pessoal são minhas características”, disse.

Alvaro dia e o apoio a Bolsonaro

Ainda no tema "muy amigos", Fernando Canzian, da Folha, questionou Alvaro Dias sobre se apoiaria Jair Bolsonaro em no segundo turno. Dias desconversou se limitando a dizer que espera um “despertar do povo brasileiro”, mas deixou escapar a sua real intenção no final do discurso ao afirmar que é preciso evitar volta do PT ao governo.

Em outro momento, Alckmin questionou Ciro sobre quais serão as suas medidas para a saúde. "A minha proposta para saúde é revogar a Emenda Constitucional 95, sem isso todos os nossos compromissos nada passam de boas intenções ou mentira", disse Ciro.

Na réplica, Alckmin se limitou a dizer que vai "investir muito em atendimento primário e saneamento básico", prometendo remédios mais baratos e genéricos. Mas uma das principais reclamações da população de São Paulo, onde governou, é a falta de medicamentos e médicos.

Nas considerações finais, Haddad afirmou: "Quero dizer que meu governo será pautado por um princípio: o de ampliar as oportunidades. E isso se faz de duas maneiras: ampliando as oportunidades de emprego e a oportunidade de educação. Com trabalho e educação nós saíremos da crise, porque a pessoa que tem uma dessas duas coisas tem um caminho pela frente. E nós provamos que isso é possível. Ao longo do período de 12 anos de estabilidade democrática, em que o resultado da urna era respeitado, nós geramos 20 milhões de postos de trabalho. Quase triplicamos o número de brasileiros e brasileiras nas universidades. Jovens pobres que não teriam a menor condição de estudar. E nós vamos fazer o Brasil a ser feliz de novo com trabalho e educação".