Bolsonaro diz que vai manter Bolsa Família que criticava

A arrancada de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas e a forte reação das mulheres contra a sua candidatura, no movimento nacional #EleNão, acendeu o alerta vermelho na equipe de campanha de Jair Bolsonaro, candidato à Presidência da República pelo PSL.

Por Dayane Santos

Bolsonaro Bolsa Família - Reprodução

Segundo fontes da grande mídia, o candidato relutou mas decidiu lançar uma espécia de manifesto à Nação em que tenta desconstruir a sua imagem de antidemocrático, que ele reafirmou ao longo de quase 30 anos de vida pública defendendo a ditadura militar e a tortura.

Depois de muita divergências que chamaram a atenção dos pacientes e profissionais do hospital Albert Einstein – onde está internado após ataque em Juiz de Fora – a equipe do candidato começou a divulgar de forma pulverizada o documento. A estratégia de divulgação a conta-gotas é para não parecer um recuo em sua posições mais radicais, já que essa conduta mantinha parte dos eleitores mais fiéis.

Como as pesquisas apontam uma estagnação do candidato, a preocupação é pelo menos se manter para não arriscar o segundo turno.

Nas primeiras mensagens publicadas no Twitter, a campanha procurou mostrar um candidato crítico a divisões da sociedade e destacou que, em um eventual governo, o Bolsa Família será mantido.

Mas em 26 de agosto do ano passado, durante festa de Rodeios de Barretos (São Paulo), Bolsonaro afirmou que o programa Bolsa Família só é necessário para uma minoria e que "não vai ser com caridade que o Brasil vai sair dessa situação crítica".

"Para ser candidato a presidente tem de falar que vai ampliar o Bolsa Família, então vote em outro candidato. Não vou partir para demagogia e agradar quem quer que seja para buscar voto", disse.

Agora, candidata, Bolsonaro segue exatamente o disse que não ia fazer. Diz que vai ampliar o programa, mas que é preciso "investigar" supostos desvios de recursos, sem citar que tipo de desvio ou quanto é desviado.

"As fraudes no Bolsa Família são comuns. São milhões que deixam de chegar à que realmente precisa (sic)", afirma o texto. "A destinação correta resultará num grande impacto financeiro positivo e de ajuda para quem realmente precisa", afirma.

O texto ainda fala de uma "divisão" na sociedade que ele diz ser resultado da ação de terceiros e não de seu discurso de intolerância e ódio.

"Muitos miram propositalmente na divisão da sociedade, resultando na luta de classes e no enfraquecimento de nossos valores", destacou o candidato. E continuou: "Pessoas divididas, sem identidade familiar e cultural, são mais fáceis de serem controladas. É o plano perfeito para quem quer se perpetuar no poder".