Bolsonaro: Muito ódio e nenhuma proposta contra desemprego

“Bolsonaro é um desastre para os direitos humanos e trabalhistas”, declarou ao Portal Vermelho Antonio Lisboa, secretário de relações internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT). "O candidato à presidência pelo PSL vai instalar uma convulsão social no país", afirmou Divanilton Pereira, secretário adjunto da Federação Sindical Mundial. Para ambos, o presidenciável simboliza o aprofundamento das políticas de Michel Temer com uma pitada fascista.

Por Railídia Carvalho

Jair Bolsonaro

No país que mais mata transgêneros no mundo, que tem alta taxa de feminicídio e a violência policial faz entre as principais vítimas jovens, negros e periféricos, o discurso misógino, homofóbico e fascista de Bolsonaro fortalece as mazelas brasileiras, afirmam os sindicalistas.

Segundo o presidenciável, policial que mata "10, 15 ou 20 com 10 ou 30 tiros cada um " deve ser condecorado. Também de acordo com Bolsonaro, o trabalhador precisa escolher entre direitos ou emprego. 

Lisboa comparou as posições de Bolsonaro às idéias defendidas na Alemanha e Itália fascistas. “Ele quer trazer para o Brasil o que o mundo conseguiu desfazer nos anos 40. É preciso mostrar ao trabalhador que ele não merece nenhum voto porque desrespeita as minorias, vota contra os direitos dos trabalhadores, estimula policiais a matarem, diz que o Brasil não tem como cuidar da Amazônia e deve transferir isso para os Estados Unidos. Ele prega o ódio em todas as oportunidades. Quais as propostas para acabar com o desemprego? Ele não tem”.

Divanilton Pereira, secretário Geral Adjunto da Federação Sindical Mundial (FSM), declarou ao Portal Vermelho que a candidatura de Bolsonaro não tem compromisso com a democracia, com o respeito à diferença e também não defende a valorização do trabalho.

“A base social e eleitoral que sustenta Bolsonaro está inserida em um crescimento das forças fascistas no mundo. Aqueles que deram o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff continuaram a sair do armário com essa candidatura. Mas Bolsonaro tem uma agenda igual ou pior do que a de Michel Temer. É um projeto que não se sustenta por isso ele cria factóides destilando ódio”, explicou Divanilton, que também é vice-presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Reforma trabalhista

Lisboa afirmou que é preciso desmascarar o candidato que apoia o governo de Michel Temer e votou contra os trabalhadores nas principais votações de 2017. “Estive ontem (quarta-feira) em um restaurante e um dos garçons me disse que votaria no Bolsonaro. Perguntei o que ele achava da reforma trabalhista e ele disse que foi um prejuízo. Daí informei a ele que o Bolsonaro votou a favor da reforma daí ele se surpreendeu e disse que não sabia”.

Divanilton concorda com Lisboa e afirma que o movimento sindical precisa esclarecer ao trabalhador quem votou contra os direitos trabalhistas no Congresso Nacional. O dirigente está no Rio Grande do Norte, que também é o estado natural do relator da reforma trabalhista, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). "O trabalhador precisa saber que esse parlamentar foi responsável pela elaboração e aprovação de uma legislação que colocou o trabalhador em uma situação de semiescravismo formal". 

A precarização das relações do trabalho trazida pela reforma trabalhista de Michel Temer com o apoio de Jair Bolsonaro atingiu em cheio os trabalhadores garçons. O trabalho intermitente (que também é chamado de jornada zero hora e coloca o trabalhador à disposição do empregador) diminuiu salários, horas de trabalho e o poder de compra de trabalhadores historicamente mais vulneráveis como garçons, faxineiros e assistente de vendas, entre outros.

Em 9 meses de reforma trabalhista foram criados 50 mil empregos. Além de não recuperarem os empregos perdidos são ocupações precárias. Segundo o Ministério do Trabalho desses 50 mil postos criados 78% são intermitentes ou parciais, modalidades consideradas as mais precárias do mercado.

Bolsonaro: Inimigo do trabalhador

Balanço do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) coloca o deputado Jair Bolsonaro como inimigo dos trabalhadores. O presidenciável votou a favor da reforma trabalhista, da Proposta de Emenda Constitucional que congelou por 20 anos recursos para saúde e educação e também votou pela aprovação do PL 4.567/16 (PLS 131/15), do tucano José Serra, que desobrigou a Petrobras de ser operadora única dos blocos de exploração do pré-sal.

Em artigo publicado no portal do Diap, o jornalista Marcos Verlaine afirmou que entre as graves consequências do PL 4.567 está a redução nos empregos “pois como operadora única do pré-sal, a Petrobras também faria o planejamento e o desenvolvimento da cadeia nacional de fornecedores, gerando emprego no País”. Na votação do PL que autorizava a terceirização sem limites, Bolsonaro se absteve. De acordo com o Diap, a posição significa voto favorável.

Lisboa não se surpreende com o histórico anti-trabalhador do candidato do PSL.“Para o Bolsonaro, o trabalhador tem que escolher entre ter direitos ou ter emprego. O que ele está pregando é o trabalho análogo à escravidão. Você impor sacrifícios ao trabalhador e ele não ter nenhum direito é trabalho escravo. Ninguém trabalhou mais que os escravos no Brasil mas não era trabalho era escravidão. É isso que o Bolsonaro propõe”, completou.

Bolsonaro é efeito Temer potencializado

De algoz dos trabalhadores na Câmara dos Deputados, Bolsonaro se apresenta agora como Salvador da Pátria. Divanilton alerta: “Se com a agenda do Temer o Brasil tem 30 milhões de trabalhadores fora do mercado mesmo em condições de trabalhar imagine essa agenda regressiva aprofundada por Bolsonaro. Uma vitória dele significaria convulsão social porque vai continuar desestimulando emprego e agravando o atual cenário. O Brasil precisa encerrar esse ciclo de crise aprofundado por Temer e que terá continuidade com Bolsonaro”.

Na opinião do dirigente da CTB e FSM, o caminho para sair da crise é a retomada do desenvolvimento com valorização do trabalho e geração de emprego. Além da CTB, mais seis centrais sindicais brasileiras (CUT, CSB, NCST, Força Sindical, Intersindical e UGT) assinaram a Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora com 22 propostas de curto, médio e longo prazo que atacam situações emergenciais e propõem saídas estruturais para a crise.

“O esforço que nos guia é a Agenda das centrais. É o esforço junto aos trabalhadores para sairmos da crise. A retomada do crescimento não vai ser pela arma ou pela violência. A saída é crescimento com desenvolvimento, valorização do trabalho e do trabalhador”, enfatizou Divanilton. Clique AQUI e acesse a Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora.