Estadão quer amedrontar o eleitor, mas radical é a luta por democracia

Em seu editorial em defesa da antecipação do “voto útil” (útil para quem, não é?), nesta quarta (19), o Estado de S. Paulo dá uma de Regina Duarte e fala sobre a “sombria” possibilidade de o segundo turno ser disputado entre “extremistas”.

Por Joana Rozowykwiat

Haddad e multidão

Como alguém em sã consciência pode qualificar o ex-prefeito de São Paulo e atual candidato Fernando Haddad como extremista? E qual foi o extremismo dos governos do PT no Planalto? Deve ter sido viabilizar carteira assinada para trabalhadora doméstica e comida no prato de quem passava fome. Mas é importante lembrar que tudo isso aconteceu ampliando também os lucros de empresários e banqueiros.

Segundo o jornal paulista, Haddad “encarna um projeto liberticida de poder”, que tem o “desprezo pelos fundamentos da economia como método”. Entretanto, basta olhar para os anos de crescimento, superávit fiscal e emprego bombando dos três primeiros governos petistas para destruir a tese do Estadão.

Se de fato houve crise e equívocos no segundo governo Dilma, é verdade também que tudo se agravou com o boicote da oposição, a política de austeridade defendida pela mídia tradicional e as desonerações que beneficiaram o topo, não a base da pirâmide social. Sem falar que a situação se aprofundou muitíssimo desde o impeachment.

Por fim, o Estadão considera “lamentável” que, ao invés de discutir soluções para os problemas do país, o debate eleitoral esteja monopolizado por “uma refrega entre minorias radicais”. É fato que os programas de governo se viram secundarizados, mas a responsabilidade disso é muito da grande imprensa, que prefere pautar o passado e insiste no tema da corrupção, cujo combate é obrigação de todos e, não, proposta.

Enfim, um eventual e desejado governo Haddad, infelizmente, deverá ser bem menos radical do que boa parte da esquerda desejaria. Na atual conjuntura política e com um Congresso que se move por interesses empresariais, cada avanço precisará de pressão e apoio popular. Mas esse governo será também a vitória da democracia contra o fascismo, essa sim uma escolha radical, contra um retrocesso extremo.

Abaixo, alguns gráficos sobre a economia nos governos do PT: