Secretário-geral da OEA não descarta intervenção militar na Venezuela

O Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse que uma intervenção militar na Venezuela não deve ser descartada como uma alternativa para superar a situação política e econômica do país.

Luís Almagro - Radio Mitre

"Quanto à intervenção militar para derrubar Nicolás Maduro, não devemos descartar nenhuma opção", disse Almagro em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo.

Almagro destacou que o "regime" de Maduro "está perpetrando crimes contra a humanidade (e) violações dos direitos humanos" na Venezuela, além de gerar "o sofrimento do povo no êxodo induzido que está impulsionando".

No entanto, ele disse que antes de pensar em intervenção militar, "as ações diplomáticas devem estar em primeiro lugar".

Almagro liderou na última sexta-feira (14) em Cúcuta, na Colômbia, uma comissão da OEA encarregada de elaborar um relatório que incluirá uma definição de mecanismos de cooperação que poderiam ser destinados à Colômbia como país receptor dos imigrantes venezuelanos.

A Colômbia é o primeiro lugar visitado pela equipe técnica da OEA que também viajará para as fronteiras de outros países anfitriões de imigrantes venezuelanos, como Peru, Equador e Brasil.

Almagro chegou à Colômbia na quarta-feira, onde também se reuniu com o presidente colombiano Ivan Duque. Na sexta-feira, o Secretário-Geral viajou para a área de fronteira, juntamente com o ministro do Exterior da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, e o Diretor para as Américas da ONG Human Rights Watch (HRW), José Manuel Vivanco, bem como representantes de agências estatais colombianas.

"Chegamos em Cúcuta para rever a situação humanitária, porque esta região é um reflexo de mentiras do regime", disse Almagro.

Durante a visita da comissão a Cúcuta, o governador do departamento de Norte de Santander (nordeste), William Villamizar, revelou que ao longo dos 2.200 quilômetros de fronteira entre os dois países passaram cerca de 20 milhões de venezuelanos nos últimos cinco anos. Destes, três milhões permaneceram no país.

O número contrasta com o anunciado há algumas semanas pela estatal Colômbia Migração, que afirma que cerca de 1,3 milhão de venezuelanos permanecem no país, entre legais e ilegais.

Os Venezuelanos têm passado a fronteira em busca de condições melhores de vida desde que seu país passou a ser alvo de sistemáticas tentativas de desestabilização do governo de Nicolás Maduro. A oposição usa de táticas que atingem diretamente a população, desde o boicote de distribuição de alimentos e itens de primeira necessidade, até a destruição completa de paióis e armazéns.

Para contornar esta crise, o governo de Maduro tem investido em uma nova política econômica, que incluiu a implementação de uma nova moda, além da criação de centros de distribuição de alimentos e itens básicos para a população mais pobre.

No entanto, isso ainda não é o suficiente para conter a saída de venezuelanos do país em busca de condições melhores.