Rafael Correa é o novo alvo de perseguição política no continente

O “modo Lava Jato” segue avançando na América Latina e o alvo da vez é o ex-presidente do Equador, Rafael Correa. O Ministério Público do país abriu um pedido de investigação de crime organizado contra o ex-mandatário na semana passada, acusando-o de participar de um esquema de corrupção envolvendo a empresa brasileira Odebrecht.

Por Mariana Serafini

Rafael Correa - AFP

Correa governou o país entre 2007 e 2017 e vive na Bélgica desde que passou o cargo para seu sucessor Lenín Moreno. Porém, o novo presidente, diferente do que se esperava “traiu os princípios da Revolução Cidadã”, afirmou recentemente o ex-chanceler do país, Guillaume Long e passou a compactuar com os setores da direita que antes eram oposição à gestão correísta.

Nesta guinada à direita, Lenín abriu caminho para a judicialização da política em seu país e Correa se tornou um alvo móvel.

Após o pedido de investigação do Ministério Público, Correa se pronunciou através de sua conta pessoal no Twitter e disse não conhecer os executivos da empresa. Denunciou a ação como “maliciosa” e questionou se “alguém ainda acredita nessas palhaçadas?”. Sob a mira da justiça equatoriana, ele deve voltar ao país para responder sobre o caso.

Além de Correa, o ex-vice-presidente Jorge Glas também está entre os acusados. Ele cumpre pena desde o ano passado, quando foi sentenciado a seis anos de prisão por crime de associação criminosa relacionado à multinacional brasileira. O advogado de Glas, Eduardo Franco Loor, disse nas redes sociais que a investigação é mais uma “trama” usada pela Justiça como “arma de perseguição política”.

A denúncia foi apresentada em março pelo ex-parlamentar e procurador César Montúfar, que também exerceu atividade de promotoria particular no caso envolvendo Glas. O promotor disse que a corrupção no governo Correa foi um “esquema organizado” e “institucional” e não um “evento isolado”.

A empresa brasileira é acusada de promover um esquema de corrupção e subornos que girou aproximadamente US$ 788 entre 12 países latino-americanos, de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que investiga o caso.

Outros casos

Como Correa, Cristina Kirchner também é alvo de investigações na Argentina. A ex-presidenta e atual senadora foi a primeira parlamentar da história do país a ter suas residências investigadas pela polícia. Ela é acusada de dificultar a investigação do “Caso Amia”. O episódio aconteceu em 1994, trata-se de um atentado contra o prédio da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) que deixou 85 mortos. Cristina presidiu o país entre 2007 e 2015, mas até então, tampouco as investigações sobre o atentado haviam avançado.

No Brasil, o maior líder politico da esquerda do país, Lula, está preso desde abril acusado – sem provas consistentes – de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.