Esmagadora maioria da ONU quer o fim do bloqueio contra Cuba

Dentro de duas semanas, aproximadamente, a Assembleia Geral da ONU em Nova York voltará a votar uma resolução que condena o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba.

Por Celso Amorim*

Havana - Divulgação

Já faz alguns anos que essa resolução é aprovada por grande maioria dos países membros – nos últimos anos só Estados Unidos e Israel se tem oposto, alguns países se abstêm – mas muito poucos. A esmagadora maioria dos países das Nações Unidas tem votado pelo fim do bloqueio.
Isso é muito importante porque não se trata de algo específico, particular, é toda uma filosofia que está em jogo, a filosofia do isolamento que não beneficia ninguém, que faz com que o povo cubano sofra.

Como ex–chanceler do Brasil, tive a oportunidade de expressar nossa posição várias vezes, eu próprio, o presidente Lula também, mesmo antes com o presidente Itamar Franco, tomamos iniciativas importantes que levaram Cuba a assinar o Tratado de Tlatelolco – uma grande vitória diplomática do Brasil – tudo isso através do diálogo e não do isolamento.

O Brasil que foi responsável, inclusive, por uma maior incorporação de Cuba dentro da família latino-americana e que de certa maneira contribuiu para uma diminuição do isolamento diplomático, até em relação aos Estados Unidos – porque o presidente Obama, em um de seus discursos do Estado da União, disse que uma das razões pelas quais ele estava reatando relações com Cuba era para não se isolar no contexto das Américas – o que já tinha sido dito por vários países que ou Cuba iria ou a reunião não se realizaria.

Então, por tudo isso, por esse passado no qual houve uma evolução para qual nós contribuímos, e por ver o anacronismo absoluto desse bloqueio que contribui, inclusive, para atrasar as reformas econômicas e políticas em Cuba.

Vamos ver se prevalece o bom senso – não é muito provável com o atual presidente americano, mas enfim, quem sabe. Ele já nos surpreendeu algumas vezes então quem sabe ele não acaba com esse bloqueio.

Isso seria um grande gesto.

Ele que fez um aceno até para Coreia do Norte, não há razão porque não fazer um gesto em relação a Cuba atendendo um apelo de praticamente todo o mundo.

Veja a análise em vídeo: