MST declara apoio à chapa Paulo-Luciana para o governo de Pernambuco 

“Sinto muita honra e orgulho em receber a confiança do MST e o apoio a nossa chapa para o Governo do Estado”, disse Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB e candidata a vice-governadora na chapa do governador Paulo Câmara (PSB), que concorre à reeleição. Ela e o governador foram recebidos ontem (10) no Assentamento Normandia, em Caruaru, no Agreste do estado, onde aconteceu plenária do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que oficializou o apoio da entidade à chapa.  

MST declara apoio à chapa Paulo-Luciana para o governo de Pernambuco - Diego Galba/Assessoria

“Conversamos com os agricultores, ouvimos suas opiniões e demandas, falamos sobre o papel dos governos em fomentar a agricultura e garantir educação, saúde e condições de desenvolvimento para todos os cidadãos. Uma plenária rica e emocionante”, contou Luciana. Ao evento estiveram ainda o senador e candidato à reeleição Humberto Costa (PT), cuja candidatura terá o apoio do movimento; o coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim; e o representante da Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros.

Também presente o deputado federal Wolney Queiroz, presidente estadual do PDT, partido que dá sustentação à candidatura do ex-deputado federal Maurício Rands (PROS) ao governo do Estado. O deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB), que também disputa o Senado pela Frente Popular, não compareceu nem foi mencionado apoio à candidatura dele. Os líderes da Fetape disseram que ainda estão discutindo que outro senador apoiarão além de Humberto.

Derrotar o golpe

Ao discursar, Jaime Amorim fez questão de ressaltar que o apoio não será apenas formal, mas que outras plenárias serão realizadas para defender a candidatura de Paulo Câmara. Ele justificou o apoio ao socialista como uma forma de impedir que a direita conservadora chegue ao poder, destacando que as próximas eleições têm papel importante na luta de classes e representam a possibilidade de derrotar o golpe.

“A direita conservadora quer assumir o Governo de Pernambuco. E precisamos impedir mais esse retrocesso”, alertou, em referência à chapa encabeçada por Armando Monteiro (PTB). “Viveremos momentos difíceis pela frente, mas também é um momento bom para fazer política, porque fica claro quem são os inimigos e quem são os aliados com quem podemos contar”. Sobre as críticas que podem vir de organizações de esquerda que no último período fizeram oposição ao PSB, Jaime resumiu: “quem sai na frente está colocando a cara à tapa – e nós estamos saindo na frente. A cada momento novo precisamos olhar a conjuntura e saber nos posicionar”.

Ele também afirmou que este não é um apoio “da boca para fora”. “Quando assumimos uma tarefa, assumimos de verdade, com unhas e dentes, para garantir que ela não seja só uma decisão da direção do movimento. Vamos transformar esta decisão num grande movimento de massa até o dia 7 de outubro”, disse Amorim.

O MST se comprometeu a realizar 32 plenárias regionais nas próximas semanas para impulsionar a campanha de Paulo Câmara e conquistar votos. “Leve daqui a certeza de que seremos bons combatentes, para transformar essas eleições num momento tático importante de derrota do golpe e de construção de um novo momento político em Pernambuco e no Brasil”, disse Jaime a Paulo Câmara.

Em documento divulgado durante a plenária, o MST disse esperar que as forças políticas que integram a Frente Popular aprofundem o “compromisso com o desenvolvimento da agricultura camponesa e com a reforma agrária”. Na carta o MST lembra ainda que segue a aliança nacional da campanha Lula Presidente, representada no estado pela chapa que une PSB, PCdoB e PT.

Compromissos da gestão

Já o governador e candidato à reeleição Paulo Câmara prometeu incorporar na próxima gestão do Governo do Estado demandas dos trabalhadores rurais, criando dentro da Secretaria de Educação uma secretaria executiva de Educação no Campo, em substituição a atual gerência; nas áreas de Saúde e Cultura as respectivas secretarias devem abarcar gerências de Cultura do Campo e Saúde do Campo. Além dos três órgãos, o governador se comprometeu com a criação de uma Secretaria de Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária. “A criação da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária será o primeiro ato do nosso futuro governo”, disse Paulo Câmara. “A gente sai daqui com muito mais responsabilidade, mas sabendo que tudo com o que nos comprometemos é possível ser feito e será feito”, destacou.

O governador ainda comemorou o “realinhamento da esquerda” no estado. “É uma honra estarmos recebendo esse apoio do MST, que vai além das eleições, pois será fundamental para governar Pernambuco nos próximos 4 anos”, disse Câmara. “Esse realinhamento do campo da esquerda, unindo PT, PCdoB e PSB, tem um objetivo muito claro, que é fazer Pernambuco andar para frente, apesar de todos os desafios”, completou o governador. Ele destacou programas de seu governo voltados para a população do campo, como a ampliação do abastecimento de água através de adutoras, a assistência rural, a regularização de terras, mas ponderou que “ainda temos muito a fazer”.

Câmara também criticou o governo federal, afirmando que Temer é “um presidente sem nenhum compromisso com o Brasil e com o Nordeste”, dizendo ainda que Pernambuco teria sofrido perseguição. Neste cenário, a volta da aliança entre PSB, PT e PCdoB seria também “o compromisso de ajudar o Brasil a ser feliz de novo, elegendo o presidente Lula e Haddad”, completou o governador. Desde o início da campanha, o PSB esperava que a aliança formal com o PT fizesse os petistas irem às ruas pedir votos para Paulo Câmara.

Do Recife, Audicéa Rodrigues com informações do JC e do Brasil de Fato.