Nivaldo: “PCdoB consciente das dificuldades, mas confiante na vitória”

Representando o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o secretário Sindical e membro do Comitê Central, Nivaldo Santana, participou entre 7 e 9 de setembro, da 42ª Festa do Avante!, em Portugal. O evento é a comemoração internacional do jornal Avante!, órgão oficial de comunicação do Partido Comunista Português (PCP) que começou a ser publicado na clandestinidade em 15 de fevereiro de 1931.

PCP Nivaldo Santana - Foto: Moara Crivelente

Nivaldo Santana fez uma fala sobre a conjuntura eleitoral no Brasil no debate "Um Mundo em Mudança – Desenvolvimentos e Tendências de Fundo da Situação Internacional”, no último sábado (8), em Seixal, Lisboa. Ele lembrou que há dois anos um golpe parlamentar destituiu a presidenta eleita democraticamente nas urnas, Dilma Rousseff e levou à presidência, o golpista Michel Temer.

“A ruptura da democracia no país e a imposição de um programa ultraliberal, neocolonial e autoritário agravaram em demasias todos os problemas nacionais”, ressaltou.

O dirigente comunista realçou que diante deste cenário o Brasil atravessa um dos piores ciclos econômicos de sua história. “Avança de forma acelerada os processos de privatizações e desnacionalização da economia. Setores estratégicos, como o petróleo, a fabricação de aviões e a construção civil sofrem graves mudanças em prejuízo da soberania nacional. Os direitos dos trabalhadores e do povo são liquidados. Investimentos sociais na saúde, educação, moradia, segurança pública sofrem profundos cortes e retrocessos legais. O desemprego atinge 13 milhões de trabalhadores, em meio a um movimento generalizado de precarização do trabalho”, explicou.

Diante da impopularidade notória do governo de Michel Temer, Nivaldo Santana enfatizou que a direita procura se desvincular do governo golpista, temendo a derrota eleitoral. “Para reverter esse quadro, novos golpes são aplicados no Brasil. Julgamentos forjados e sem respeito ao estado democrático de direito promovem toda sorte de arbitrariedades no país. No caso mais grave, o presidente Lula é preso sem provas e, na sequência, o Tribunal Superior Eleitoral veta sua participação nas eleições presidenciais”, disse.

E continuou: “Qual a razão de fundo para retirar Lula das eleições? Todos sabem que afastar Lula é a única forma das forças conservadoras evitar sua consagradora vitória nas eleições presidenciais. Todos os institutos de pesquisa coincidem na constatação de que, se candidato, Lula detém a preferência da maioria do eleitorado brasileiro. Mas um tipo disfarçado de ditadura, que é o regime atual do Brasil, deve impor uma solução de força e retirar Lula da disputa eleitoral”.

Nivaldo afirmou que o PCdoB sempre definiu uma orientação tática que tem como centro a construção de uma frente ampla para derrotar a direita.

“No curso da luta política pré-eleitoral e dos debates, o PCdoB optou por uma convergência programática e eleitoral com o PT. Nesse entendimento, definiu-se que o nome de Manuela d’Ávila ocuparia a vice-Presidência, em uma chapa liderada por Lula ou, no seu eventual impedimento, pelo ex-ministro da Educação e ex-prefeito de SP, Fernando Haddad. Essa composição de forças tem o apoio, além do PT, PCdoB e Pros, de lideranças importantes do PSB, que não tem candidato presidencial, e do PMDB, inclusive o presidente do Senado, que está dividido”.

“Para melhor compreensão do quadro político-partidário no Brasil, é necessário observar que, dos 25 partidos representados na Câmara Federal, a maior parte deles não tem uma política nacional unificada. Prevalecem os interesses de suas lideranças regionais. Essas lideranças acabam assumindo, em muitas oportunidades, posições distintas das de sua direção. Essas contradições podem e devem ser aproveitadas pelos partidos de esquerda e democráticos, para isolar a direita”.

Para Nivaldo, “é possível que a direita, mesmo teoricamente apoiada pela maioria dos partidos, venha a sofrer uma grande derrota”. Como exemplo, ele citou a claudicante campanha do candidato preferido do neoliberalismo, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “Seu desempenho até agora está pífio e muitos apostam que ele não chegará nem ao segundo turno das eleições. Seu nome está sendo substituído pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, um ex-militar. Com discurso raivoso, de natureza fascistóide, Bolsonaro tem obtido a preferência do grande empresariado brasileiros e das forças conservadoras que querem levar adiante o mesmo projeto fracassado do atual presidente da República”.

E acrescentou: “Mas o descontentamento generalizado com o governo e a divisão nas forças conservadoras criam um espaço real para a vitória da esquerda. As eleições, no entanto, serão extremamente radicalizadas e não podemos descartar a incidência de novos golpes para desvirtuar a lisura do processo eleitoral e impedir a manifestação livre do povo. O PCdoB, mesmo consciente das dificuldades, está confiante na vitória presidencial e também em um bom desempenho eleitoral do Partido”.

Metas do PCdoB

Segundo o dirigente comunista, as principais metas do PCdoB nestas eleições é reeleger o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), manter sua vaga no Senado Federal e eleger uma boa bancada na Câmara dos Deputados. Nos Estados e no Distrito Federal, a expectativa é que haja um bom crescimento da representação dos comunistas nas Assembleias Legislativas.

Brasil

Ainda no sábado (8), outra mesa abordou exclusivamente a situação do Brasil com os comentários e a afirmação do apoio dos comunistas portugueses por parte do deputado do PCP António Filipe e com as falas de Nivaldo Santana pelo PCdoB e Newton de Souza, do PT de Lisboa, que trouxe um boneco de Lula para acompanhar a sessão.