Iniciativa do Cinturão serve como ponte entre China e países africanos

A Cúpula de Beijing 2018 do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) foi inaugurada nesta segunda-feira (3), com a Iniciativa do Cinturão e Rota destacando-se na agenda de cooperação dos países africanos lusófonos com a China

Por Xun Wei e Rafael Lima

China e Angola - Xinhua

Discursando no Diálogo de Alto Nível entre Líderes e Representantes Comerciais Chineses e Africanos, também conhecido como a 6ª Conferência de Empresários Chineses e Africanos, o presidente chinês Xi Jinping prometeu que a China não imporá nenhuma condição política ao seu investimento na África sob a Iniciativa do Cinturão e Rota, nem interferirá nos assuntos internos dos países africanos.

O presidente também garantiu a inclusão da África na Iniciativa do Cinturão e Rota, com o objetivo de compartilhar os resultados de ganhos mútuos.

Por muito tempo, países como Angola e Moçambique sofreram com a falta de infraestrutura, o que impediu o seu desenvolvimento. A Iniciativa do Cinturão e Rota fortaleceu o investimento chinês na infraestrutura africana e ajudou a acelerar o desenvolvimento dos países africanos lusófonos.

Um exemplo é a Ponte Maputo-Katembe, que liga os dois lados da baía de Maputo, no sul do Moçambique. Construída por uma companhia chinesa, a ponte será a ponte suspensa mais longa no continente africano, o que cortará o tempo necessário para atravessar a baía para apenas dez minutos.

Cao Changwei, gerente do projeto, disse que a construção da ponte ajudou a criar mais de 20 mil empregos e treinar mais de 5 mil trabalhadores de construção desde que foi iniciada em 2014.

Segundo um relatório recente do Instituto Chongyang de Pesquisas Financeiras da Universidade Renmin da China, a Iniciativa do Cinturão e Rota oferece oportunidades sem precedentes à África. Sob a iniciativa, a China fornece tecnologia, conhecimento e financiamento adequado aos parceiros africanos, e ajuda a aumentar a posição da África na cadeia global de valor.

Outro exemplo de destaque é o Caminho de Ferro de Benguela (CFB). Com uma extensão de 1.344 quilômetros, a linha ferroviária construída pela China atravessa toda Angola de oeste a leste. Trata-se da segunda maior via férrea construída pelos chineses no exterior, atrás apenas da Tanzânia-Zâmbia, com 1.860 quilômetros e construída nos anos 1970.

Em março deste ano, a primeira carga de minérios exportada pela República Democrática do Congo através do CFB chegou ao porto do Lobito. Foi a retomada do tráfego internacional nesta linha férrea, após 34 anos.

Graças ao CFB, o custo do transporte de 30 toneladas de carga baixou significativamente, de US$ 15.000 para US$ 1.500.

No futuro a ferrovia será conectada com outras linhas ferroviárias próximas de Angola, formando uma rede ferroviária no sul da África que liga o Oceano Atlântico com o Oceano Índico.

Do ponto de vista de Li Zhibiao, pesquisador de África da Academia Chinesa de Ciências Sociais, na sua cooperação com os países africanos a China começa a dar mais atenção ao compartilhamento de conhecimento e técnicas, na sustentabilidade dos projetos e na formação de talentos locais.

Segundo dados da China Railway Construction, durante os dez anos de construção do CFB, um total de 100 mil trabalhadores locais participou do projeto. Entre eles, mais de 10 mil se especializaram em áreas como maquinaria e telecomunicações.

Em uma entrevista à televisão estatal chinesa antes da Cúpula de Beijing do FOCAC, o presidente angolano João Lourenço elogiou a Iniciativa do Cinturão e Rota, dizendo que Angola se beneficiará da iniciativa e que também quer contribuir para ela de alguma forma.

Segundo o relatório do Instituto Chongyang, a Iniciativa do Cinturão e Rota é altamente alinhada com a estratégia de desenvolvimento futuro da África. Integrando a iniciativa com as estratégias de desenvolvimento dos países africanos, a Cúpula de Beijing do FOCAC criará um novo espaço e gerará um novo impulso ao desenvolvimento da África.

A cúpula deste ano conta com três novos países participantes, incluindo São Tomé e Príncipe, que se junta ao restante dos países africanos lusófonos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.