“O dano é irreparável”, diz diretor do Museu Nacional

O diretor de Preservação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, João Carlos Nara, afirmou à Agência Brasil que o incêndio causa um “dano irreparável” ao acervo e às pesquisa nacionais. Ele acompanha de perto o trabalho dos bombeiros no local e disse que “pouco restará”, após o controle das chamas.

Por Renata Giraldi e Vitor Abdala, da Agência Brasil

Museu Nacional incendio - Foto: Mídia Ninja

“Infelizmente a reserva técnica, que esperávamos que seria preservada, também foi atingida. Teremos de esperar o fim do trabalho dos bombeiros para verificar realmente a dimensão de tudo”, afirmou o arquiteto e historiador.

De acordo com João Carlos Nara, a equipe de administração do Museu Nacional aguardava o fim do período eleitoral para iniciar as obras de preservação da infraestrutura do prédio.

“É tudo muito antigo. O sistema de água e o material, tudo tem muitos anos. Havia uma trinca nas laterais. Isso é ameaça constante”, disse o diretor.

Inconformado com o incêndio, João Carlos Nara lamentou que os investimentos sejam destinados a outras causas no país. “Gastam milhões em outros projetos”, reagiu.

Tristeza e descrença 

Pouco tempo depois do início do incêndio, dezenas de funcionários do museu começaram a chegar à Quinta da Boa Vista, onde fica o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Muitos choravam, enquanto outros observavam as labaredas tomando conta do prédio. O clima é de tristeza e descrença no que ocorre no local.

Em meio à fuligem e ao calor intenso, todos acompanhavam sem querer acreditar no que os olhos viam. Pesquisadores, estagiários, professores e estudantes. O Museu Nacional do Rio é referência internacional em pesquisas e acervo.

O museólogo Marco Aurélio Caldas chegou ao local assim que soube do incêndio. Trabalhando há nove anos no museu, ele disse que quando chegou ao local o fogo consumia apenas uma parte do prédio histórico, mas que aos poucos a fumaça aumentou e as chamas acabavam com tudo.

“Um trabalho de 200 anos de uma instituição científica. A mais importante da América Latina. Acabou tudo. O nosso trabalho, a nossa vida estava aí”, disse Caldas, demonstrando não acreditar no que assistia.

Por volta das 21h, agentes da Guarda Municipal começavam a fazer um cordão de isolamento humano, pois havia o risco de uma explosão do prédio. Muitos funcionários, no entanto, se recusavam a deixar o local.