Professores e estudantes protestam contra cortes de Macri na Educação

Nesta quinta-feira (30) acontece o maior protesto universitário dos últimos 35 anos, desde o retorno da democracia na Argentina. Milhares estudantes e professores vão às rua de Buenos Aires para denunciar os cortes do presidente neoliberal Maurício Macri na educação do país, considerada uma das melhores do continente até então.

Manifestação de professores na Argentina - Reprodução / Twitter

Em greve há quase um mês, as universidades pressionam o presidente Mauricio Macri em um momento em que a palavra de ordem é ajuste nas contas públicas. A inflação descontrolada promete transformar o país num palco de reivindicações salariais.

Na quarta semana da greve, a passeata desta quinta-feira, em Buenos Aires, parte às 17h do Congresso em direção ao Ministério da Educação. O protesto promete ser maciço. Manifestações devem ocorrer também em cidades do interior do país. Onde houver uma universidade em greve, deve haver um protesto.

Além de professores e de alunos pelas ruas, a passeata convocada pelos seis sindicatos envolvidos no conflito deve ter a participação de militantes de outros setores, sindicais e políticos, interessados em pressionar o presidente Macri. Os sindicatos prometem um plano de luta e precisam demonstrar força com a marcha de hoje.

Ao longo desta semana, as aulas foram dadas nas ruas como forma de protesto. Professores e alunos bloquearam avenidas e fizeram do asfalto uma sala de aula improvisada. São aulas ao ar livre que visam chamar a atenção para o problema.

Greve nacional

A paralisação atinge 57 universidades públicas nacionais e 60 colégios pré-universitários, que recebem mais de um 1,5 milhão de estudantes e 170 mil professores.

O aumento salarial é a reivindicação principal, mas há também pedidos de maior orçamento, de obras e até de bolsas de estudo. 90% do orçamento destinado às universidades cobrem apenas os salários dos professores.

Em paralelo ao conflito universitário, também estão em greve as escolas da província de Buenos Aires, a mais populosa do país. Todas essas reivindicações salariais, no entanto, prometem ser a antessala de outros conflitos.

Inflação galopante

O governo previa uma inflação de 15% no começo de 2018. No meio do ano, passou a 20%. Depois, a 25%. Agora, já admite mais de 30%. Os acordos de aumentos salariais anteriores tinham uma cláusula de revisão que promete ser ativada agora.

Ontem mesmo, a Central Geral dos Trabalhadores anunciou uma greve geral no dia 25 de setembro. O anúncio veio em meio a uma nova desvalorização de 7% do peso argentino, totalizando 70% de desvalorização desde o começo da crise em abril.

O país que previa crescer 3% no começo do ano, agora prevê encolher, pelo menos, 1%. Assim, a Argentina combina recessão com inflação, um coquetel ideal para conflitos econômicos, sociais e políticos.