Trabalhadores e eleições: A ordem é fazer o debate e comparar projetos

Na opinião do metalúrgico Marcelo Toledo, secretário de formação da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), o campo é fértil para pautar entre os trabalhadores a disputa eleitoral deste ano. “O movimento sindical tem que ter a capacidade de ocupar esses espaços e comparar os projetos”, declarou ao Portal Vermelho o dirigente. Nesta quinta-feira (16) teve início oficialmente a campanha eleitoral.

Por Railídia Carvalho

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De acordo com Marcelo, é preciso mostrar aos trabalhadores que as conquistas e direitos dependem do que acontece no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional. Quando fala de terreno fértil, Marcelo se refere às medidas do governo atual, entre elas a reforma trabalhista, que estagnaram o país. “A crise, o desemprego, a retirada de direitos foram agravados pela agenda de Temer e aliados”.

Atualmente em campanha salarial, a categoria metalúrgica potencializa a denúncia dos efeitos da reforma trabalhista. “As centrais estão fomentando o debate político ao longo da campanha salarial como forma de unificar a categoria metalúrgica em torno de candidaturas que tenham compromisso com os trabalhadores. Uma das diretrizes é o combate à reforma trabalhista que retirou direitos e precarizou as relações de trabalho”.

Com a definição das candidaturas que disputam o Planalto, Marcelo lamenta a não unificação do campo de esquerda no primeiro turno mas vê boas perspectivas para um segundo turno. “Acreditamos que é possível construir a unidade do movimento sindical”. Ainda de acordo com ele, essa é uma tarefa dos dirigentes. “Também é esse esforço consciente dos dirigentes que pode ganhar a classe trabalhadora, que está indignada mas ainda está sujeita a candidaturas como as do (Jair) Bolsonaro, por exemplo”.

Desmascarar o legado de Temer

O jornalista Antonio Augusto de Queiroz, o Toninho, também afirmou ao Portal Vermelho que o movimento sindical precisa ocupar esses espaços de hesitação dos candidatos que apoiaram as medidas do atual governo.

“Os defensores do mercado não tem como sustentar como legítima e ética essa pauta de corte de direitos, esvaziamento do Estado e redução dos serviços públicos”, assegurou Toninho, que é consultor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Segundo Toninho, a tarefa do movimento sindical é denunciar a agenda do atual governo, assegurar o compromisso dos presidenciáveis com os trabalhadores dos presidenciáveis e mobilizar a população.

“Mostrar que essa agenda neoliberal não serve ao povo. É ir para a opinião pública defendendo que devem ser rechaçados nas urnas aqueles que apoiam a reforma trabalhista, a emenda do congelamento de gastos, a entrega do patrimônio público e esse ajuste que não serve ao povo”.

Votar no campo que defende trabalhadores

Dados do Diap apontaram que apenas um quinto do Congresso Nacional é comprometido com as chamadas pautas progressistas que fortalecem as políticas que asseguram direitos sociais e trabalhistas para a maioria da população. Em meio à pulverização das candidaturas da esquerda, Toninho vê como saída neste primeiro turno que o trabalhador seja orientado a votar na plataforma comprometida com a recuperação dos direitos dos trabalhadores.

“Cada um vota no seu candidato mas dentro de uma plataforma que possa reverter os retrocessos que foram impostos ao povo e, principalmente, aos trabalhadores”. Ele recomendou ainda que o debate precisa ser encaminhado para os projetos políticos. "Sem se prender a personalismo, moralismo. É o projeto que está aí que tem prejudicado os mais pobres, a maioria da população, os trabalhadores?", questionou.

Entre os candidatos à presidência da República, Ciro Gomes (PDT), Lula (PT) e Guilherme Boulos (Psol) demonstraram compromisso em rever a reforma trabalhista e o teto de gastos. Geraldo Alckmin (PSDB) não vai alterar a reforma trabalhista e Jair Bolsonaro (PSL) prometeu aprofundar o ajuste fiscal.