Abstinência de poder: Sarney viciou-se em golpes e traição

 

Sarney
Aos 88 anos, José Sarney parece pouco afeito à democracia, tal qual um viciado em golpes, saudoso da época em que encerava os coturnos dos coronéis em troca de um punhado de poder no Maranhão.

Diante do ocaso da carreira política, com o legado no lamaçal da Lava Jato e uma dívida de meio século com o povo maranhense, o oligarca orquestra sua artimanha final: derrubar o governo Dino tão logo passe as eleições, já que as projeções apontam para uma reeleição tranquila do governador comunista.

Sarney fez assim com Epitácio Cafeteira, quando recorreu ao manjado Caso Reis Pacheco para presentear a filha Roseana com o Palácio dos Leões; fez o mesmo com Jackson Lago, quando feriu o pedetista de morte e arrancou-lhe à força do governo contra a vontade do povo, apenas para devolver o poder à herdeira.

Fez assim quando apunhalou covardemente Dilma Rousseff e o PT, arquitetando a ascensão do pupilo Michel Temer com o objetivo de recuperar os favores e as “boquinhas” cortadas pela presidente petista na esfera nacional. E o país paga até hoje pela ambição do menos ilustre dos maranhenses.

O alvo da vez é Flávio Dino. E não é de hoje que o autoproclamado “Dono do Mar” se esgueira nas sombras ansioso para golpear o comunista nos tribunais superiores, sonhando em deixar as chaves dos cofres do estado de herança para a filha mimada.

Sarney exala ódio pelos fiapos ralos do bigode. Não consegue esconder, por um minuto sequer, a intenção de passar por cima da vontade do eleitor, custe o que custar, apenas para satisfazer os caprichos e vaidades de familiares.

O vigor da democracia, porém, somado ao desejo do maranhense de nunca mais se prostrar diante da chibata do coronelismo, tem dado canseira no velho “estadista” forjado nos salões da ditadura.

“Você marcha José! José, para onde?”

Do Marrapá