Manuela d'Ávila: Vencendo a batalha ao lado de Laura

 "Pensar em Laura tornou minha decisão de aceitar ser candidata muito mais difícil há 32 semanas. Aceitei e estamos vencendo juntas essa batalha".

Por Manuela d'Ávila*

Manuela e Laura - Foto: Facebook Manuela

No dia da convenção de meu Partido, que homologou minha candidatura à presidência da República, pensei no tanto que fizemos nas 32 semanas que passaram desde que nosso Congresso decidiu que eu seria nossa pre-candidata, em novembro de 2017.

Carrego muita felicidade e orgulho pelo que construímos juntos até aqui. É extraordinário representar a meu partido depois de mais de 7 décadas sem candidatura presidencial.

É lindo receber carinho de nossa militância, daqueles que se somam na caminhada em cada recanto do Brasil.

Defender nosso sonho de Brasil, nossa ideia de que é possível um novo caminho para nós nos desenvolvermos, para sermos justos socialmente é um desafio que enfrento com coragem e esperança.

Mas tem algo que me emociona de forma especial: ter vencido o meu próprio desafio particular com minha maternidade, a conciliando da forma que acho correta para mim com essa batalha. Seja andando com a baixinha Brasil a fora, seja deixando ela com meu marido para que eu possa trabalhar e me divertir (mães também gostam de poder tomar um chopp!), mas garantindo que nossa relação continue a mesma que construímos antes dessa batalha.

Pensar em Laura tornou minha decisão de aceitar ser candidata muito mais difícil há 32 semanas.  Aceitei e estamos vencendo juntas essa batalha.

Começamos com ela ainda sendo amamentada já que desmamou há apenas 18 semanas. Que loucura ser inusitado uma mulher amamentar em locais públicos, né?

Estamos Vencendo e somos acolhidas por pessoas em todos os cantos do Brasil. Acolhidas por Mulheres que levam crianças para que ela brinque, brinquedos emprestados, frutinhas frescas esperando. Acolhidos por todos repensarem seus preconceitos sobre a presença de crianças em espaços públicos.

Estamos vencendo e trazendo pro centro do debate a existência de nossas maternidades.

E o peso real dela na vida das mulheres. Estamos vencendo e mostrando como “cuidar” é muito mais do que uma escolha afetiva para as mulheres: cuidar é assumir responsabilidades da comunidade, do Estado, das insuficiências nas políticas públicas.

Estamos vencendo e tornando óbvio como é leve a vida dos homens que “divam” enquanto suas mulheres “cuidam”.

Trazer a questão de gênero e a maternidade (sem idealizações e sem culpas) pro centro de debate e da visibilidade política tem sido lindo porque está sendo natural.

Nossos corpos são políticos, ser mãe e existir num espaço público é um ato político diante de uma política em que somos invisíveis.

Obrigada a cada mulher com a cria a tiracolo ou sem cria que me para na rua, no centro, no mercado, no debate, na TV, na plenária e me agradece por estar ali com Laura ou que fica feliz em me ver tranquila também em sua ausência. Vocês são os responsáveis por eu conseguir vencer meus limites e, com isso, tanto preconceito pelo que somos. ❤️