Classe Trabalhadora: Combater desalento gerado pelo projeto Temer

“Neste contexto de desesperança as centrais sindicais apresentam para a sociedade um diagnóstico e uma agenda de que é possível retomar o crescimento com desenvolvimento e defesa dos trabalhadores”, declarou ao Portal Vermelho Clemente Ganz, diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). 

Por Railídia Carvalho

Agenda Prioritária da classe trabalhadora - Jaelcio Santana

Ele se refere à Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora com 22 propostas para trabalho e emprego elaboradas por sete centrais sindicais. Clique AQUI para ter acesso à Agenda dos Trabalhadores. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira (31) apontam para um recorde na taxa de desalento que atinge atualmente 65,6 milhões de pessoas. São aqueles que tem condições de trabalhar mas estão fora do mercado de trabalho. Uma parcela desse grupo são os desalentados, que mesmo precisando de emprego, deixaram de procurar uma ocupação porque não acreditam que encontrarão.

Custo social 

Se antes o trabalhador desempregado levava seis meses para conseguir uma ocupação, hoje ele espera quase um ano. “O trabalhador desiste porque sabe que não vai encontrar e não vê sinalização de mudança na realidade do país. Para procurar emprego ele tem gastos como transporte, roupa, alimentação. Tem o desgaste psicológico de receber uma negativa e a desesperança de não conseguir garantir sua sobrevivência”, explicou Clemente.

De acordo com ele, a Agenda Prioritária é uma proposta concreta dos trabalhadores para mudar a realidade do país. “É nesse ambiente que o movimento sindical e social tenta construir respostas organizadas e organizativas apontando para mudança no caminho que o Brasil parou. O momento coincide com o processo eleitoral e esse esforço dos movimentos é tentar com a Agenda atuar no processo eleitoral no sentido de que as pessoas tenham atenção ao voto e aos projetos que estão sendo apresentados”, completou Clemente.

O governo de Michel Temer e aliados comemoram a queda no desemprego (que caiu às custas de empregos informais e precários). “É muito grave quando o crescimento vem acompanhado do aumento do desalento. É um sintoma muito grave de fragilidade do mercado de trabalho, simboliza a baixa qualidade do mercado de trabalho enfraquecido por uma dinâmica econômica frágil”, criticou Clemente.

Agenda de Temer destruiu capacidade de geração de empregos

Ele lembrou que um aspecto perverso da agenda regressiva de Michel Temer foi a desestruturação do investimento em capacidade produtiva. “Se você pensar foram três mandatos de governo afirmando a importância da Petrobras e rapidamente em dois anos o atual governo destruiu o que o país levou uma década para construir”, enfatizou Clemente.

“Você imagina um jovem que há cinco anos resolveu fazer engenharia porque não tinha engenheiro no país para atuar na Petrobras? Isso porque a empresa ativou o mercado de engenharia. Mas agora está sobrando engenheiro porque se destruiu a capacidade dessa empresa gerar postos de trabalho no Brasil. É muito grave quando vem esse desalento entre os jovens”, exemplificou Clemente.

Entre os 22 pontos da Agenda existem propostas emergenciais de combate ao desemprego, entre elas a criação das frentes de trabalho e a retomada das obras de infraestrutura que absorvem um grande contingente de mão-de-obra. Por outro lado, a Agenda também apresenta soluções estruturais cujo resultado vem a longo prazo, alertou Clemente.

Reorganizar estratégia do setor produtivo

“Essas soluções estruturais passam pelo investimento em infraestrutura por parte do Estado, que deve atuar como mobilizador para que venham também investimento do setor privado. O que os trabalhadores propõem é uma reorganização da estratégia do Estado em relação à reorganização do sistema produtivo. E são medidas que precisam de tempo para ter efeito”, completou.

Conseguir adesões para essa agenda é um dos objetivos dos protestos programados pelas centrais sindicais unificadas para o dia 10 de agosto, com o título de Dia do Basta. “É necessário construir entre os trabalhadores e os setores médios da sociedade essa postura de que é possível mudar a atual realidade através do comprometimento com uma agenda de desenvolvimento e valorização do trabalho e dos trabalhadores”.