Augusto Vasconcelos: Mais trabalhadores, menos filas  

A luta por mais contratações é uma pauta constante do Sindicato dos Bancários. Desde os anos 90 batalhamos pela aprovação de leis que obrigassem os bancos a aumentarem o número de funcionários para dar conta do atendimento à população.

Por Augusto Vasconcelos*

Augusto Vasconcelos, presidente do sindicato dos bancários da Bahia - Divulgação

Foi assim que conseguimos aprovar a Lei Municipal 5.978/2001, de autoria do então vereador e atual deputado federal Daniel Almeida (PCdoB), que estabelece o limite de espera de 15 minutos em dias normais nas filas dos caixas dos bancos em Salvador. A partir daí, conquistamos a aprovação de leis semelhantes em dezenas de Municípios no Estado.

Entretanto, apesar de terem lucrado 65 bilhões de reais ano passado, os bancos reduziram 41 mil postos de trabalho nos últimos 18 meses. Centenas de agências foram fechadas, visando reduzir custos operacionais, e o que se vê é um verdadeiro caos nas agências que continuam abertas.

Vale ressaltar que somente as tarifas bancárias quitam toda a folha salarial dos bancos e ainda sobra. Sem falar no que arrecadam com os maiores juros do planeta.

Em 12 meses, os preços dos pacotes de serviços dos cinco maiores bancos do país aumentaram 5,5%, conforme dados do Banco Central. Ou seja, quase o dobro da inflação verificada entre junho de 2017 e junho de 2018. Algumas tarifas avulsas de serviços, bastante requisitados pelos correntistas, deram saltos ainda maiores.

Os serviços dos bancos ficaram mais caros mesmo com a utilização intensiva de novas tecnologias. Os ganhos de eficiência com a redução de despesas nas agências físicas e com o maior uso da internet e dos aplicativos bancários no celular, não derrubaram as tarifas. Um claro abuso ao consumidor.

Em parceria com o Procon, temos chamado a atenção dos consumidores para que exijam o cumprimento da lei dos 15 minutos. Inclusive, diversas unidades foram autuadas por descumprimento recorrente da lei. Somente este ano foram mais de 70 autuações. Se houvesse um número maior de fiscais, certamente as notificações cresceriam.

Vale ressaltar que o trabalhador na agência também é vítima. Sobrecarga de trabalho, pressão por metas, cobrança exagerada por resultados, falta de segurança, tem feito o índice de adoecimento disparar entre os bancários, notadamente problemas psíquicos.

Essa situação precisa mudar, os bancos representam o setor mais lucrativo da economia. Não faz o menor sentido penalizar bancários e clientes com lucros tão vultosos. O assunto está na mesa de negociação com a Federação Nacional dos Bancos, que tem se esquivado do assunto. Necessário aumentar a pressão da sociedade. Seguiremos cobrando: “Mais trabalhadores, menos filas!”.

*Augusto Vasconcelos é presidente Licenciado do Sindicato dos Bancários da Bahia, Advogado, Professor universitário.