Lu Castro: Neymar, capitalizando sobre uma falsa humildade

Começamos a semana muito bem servidos de assunto e, confesso, nada como alguém que vive de dar brecha pra preencher nossas linhas. E Neymar segue sendo o cara que gosta de uma propaganda. No sentido literal e figurado.

Por Lu Castro*

Neymar Gillete - Foto: Reprodução Youtube

Se você não entendeu, dê uma sapeada no mais novo comercial da Gillette.

Mas é preciso ser um pouco mais analítico quando o assunto é Neymar Jr. A vida é sempre base para análises e se repetimos quase à exaustão que o futebol é uma representação do mundo, é óbvio que as partidas e contrapartidas da vida se ajustam à procura de seu entendimento.

Primeiro ponto: Todo e qualquer ser humano em cima deste planetinha tem a observação como base para suas ações. Tomamos as pessoas e suas atitudes como modelo, tendo ou não, o bom senso devidamente refinado ou alguma moral pré estabelecida. E, ponto pacífico, os pais são os primeiros elementos nos quais nos espelhamos.

Quantos não são os casos em que pessoas reproduzem o ambiente familiar de sua infância na vida adulta? Não é regra, claro, mas a famosa frase “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, que os pais adoram adotar, é mais que falaciosa, é um dos reais problemas na repetição de violências cometidas no mundo todos os dias. E quando digo violências, podem incluir aí todos os tipos de males que pessoas de caráter duvidoso semeiam por aí.

Não. Não estou passando pano pro Neymar Jr. Acredito que as pessoas no geral tenham uma pequena chama de decência e dignidade guardadas dentro de si, mas boa parte delas suprimem esses pensamentos e sentimentos de seu cotidiano, preferindo a comodidade da não evolução ou simplesmente avançam na vida sem fazer um único questionamento sobre os comportamentos e valores paternos e maternos.

Neymar Jr. parece seguir à risca a cartilha do pai. Justificativas são dadas através de peças publicitárias. Exclusivas, só à tevê com mais poder no país. Onde há uma oportunidade de capitalizar, lá está Neymar Jr orientado e agenciado por seu pai.

Segundo ponto: Determinadas orientações nos são dadas ainda na primeira infância, tais como dizer bom dia, obrigada, com licença, por favor, desculpe. Você vai respeitar o amiguinho na escola, não vai brigar, não vai desrespeitar, não vai pegar o que não é seu, não aceite doces de desconhecidos, não entre no carro de estranhos. Pelo menos estas são as orientações padrões.

Variações – às vezes perversas – acontecem, como por exemplo: não fale com estranhos, não dê dinheiro para morador de rua, não aceite não como resposta, procure pessoas “melhores” que você, não faça nada de graça, faça o que tiver que ser feito para chegar aonde quer, e por aí vai.

O que se aprende com isso é valorizar coisas e não pessoas. E não adianta falar que valoriza as pessoas se as únicas pessoas passíveis de valorização, são aquelas que podem te trazer alguma vantagem financeira. Se você olha de cima para baixo ou simplesmente ignora, aqueles que não desfrutam da mesma exposição midiática que você ou da mesma posição social, então você ainda se encontra num estágio muito primário na escala da evolução.

Humildade não é só entre amigos. Humildade não é ser economicamente desprovido. Humildade não é pose para a imprensa. Humildade é reconhecer que ninguém consegue nada sozinho. Humildade é reconhecer quem o ajudou e estendeu as mãos nos momentos mais difíceis da vida. Humildade é se saber um ser transitório e suscetível a muitos equívocos e que há somente um caminho: a evolução como ser humano.

O que será levado com você e o que ficará na memória das pessoas, é o que você é/foi. E a ideia da construção das gerações, é ser melhor que a anterior, lapidando cada pessoa em seus melhores aspectos e limando as características de seres atrasados.

Mais do que perceber a necessidade de crescer, Neymar Jr. precisa acordar para o fato de que seu progenitor aplica em si, o que gostaria de ter sido. O resultado é esse eterno argumento de que ainda é um menino. E se depender do Neymar pai, ele jamais sairá das fraldas.

Cresçam os dois, porque o exemplo que vocês estão dando para esta nova geração, é dos piores. Dinheiro não é tudo na vida e há quem esteja disposto a fazer qualquer coisa para ficar minimamente parecido com vocês. Sucesso não é isso. Sucesso é ser bem quisto.