Eleição provoca racha entre advogados que assinaram impeachment

Juntos no golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, os advogados Janaína Pascoal e Miguel Reale Junior vivem um momento de crise na relação. O motivo é a aproximação da advogada com o deputado Jair Bolsonaro (PSL), que a convidou para ser vice em sua chapa.

Golpistas Miguel Reali e Janaina Paschoal

"Recebi com muita tristeza a aproximação de Janaína com Bolsonaro. Há uma contradição dele com a democracia. É impossível que qualquer democrata vote no Bolsonaro", disse o jurista Miguel Reale Junior ao Estadão.

Reale é orientador de Janaina no mestrado e doutorado de direito da USP e convidou a advogada em 2015 para elaborar o documento do pedido do impeachment encomendado pelo PSDB, que pagou R$ 45 mil a advogada pelo parecer do documento.

Fundador do PSDB, Reale hoje está no Podemos e é cotado para ser vice na chapa de Alvaro Dias na disputa presidencial. A aproximação de Janaína ao ultraconservador Bolsonaro deixou Reale frustrado.

Na sessão do Senado em apreciou o impeachment ele chegou a criticar Bolsonaro pelo elogio que o deputado fez durante sessão ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi, órgão da repressão política durante a ditadura militar.

"Eu disse em nome dos três (que assinaram o pedido) que era lamentável que o impeachment tenha servido para que ele (Ustra) fosse homenageado", lembrou o jurista.

Depois da aproximação de Janaína com Bolsonaro, Reale cortou relações e não fala com a advogado há cerca de um ano. Segundo fontes da grande mídia, Janaina teria dito aos aliados do PSL que foi pressionada a desistir do pedido de impeachment por Reale. para dar centralidade ao pedido feito pela OAB.

As eleições revelaram um racha nos antigos aliados de golpe. A filha do jurista, Luciana Reale, usou as redes sociais para alfinetar Janaína. "Sua peça, Janaina, era inepta. Se não fosse o aditamento do meu pai não teria passado. Você e o Bolsonaro se merecem", disse ela que integra o grupo direitista Vem Pra Rua.

O pré-candidato a governador de São Paulo pelo Novo, Rogério Chequer, que também integra o Vem Pra Rua, disse que "é difícil entender" a aproximação de Janaína com Bolsonaro.