China está disposta a negociar sobretaxas a produtos do Brasil

As autoridades chinesas “têm toda a vontade” de buscar com as autoridades brasileiras uma solução para diminuir ou eliminar as sobretaxas a produtos brasileiros, como a carne de frango e o açúcar, informou o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, em entrevista à Agência Brasil.

Li Jinzhan - José Cruz/Agência Brasil

"Essa é uma questão técnica. Precisa de negociação conjunta entre os órgãos relacionados e especialistas para encontrar uma solução adequada”, acrescentou.

A liberação das sobretaxas chinesas foi um dos assuntos tratados entre o presidente brasileiro Michel Temer e o presidente chinês Xi Jinping durante a 10ª Cúpula do Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), concluída nessa sexta-feira (27) em Joanesburgo (África do Sul).

Li Jinzhang disse que o Brasil fez uma parceria estratégica com a China há muitos anos e que essa união “trouxe benefícios reais para os dois países, para os dois povos e para o desenvolvimento econômico e social dos dois lados”.

"Nos últimos nove anos consecutivos, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil e o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina. Nos últimos três anos, o comércio dos produtos agrícolas está aumentando bastante. A China já se tornou o maior destino das exportações dos produtos agropecuários brasileiros, como por exemplo, a soja. No ano passado, 50% de toda a importação de soja da China no mundo veio do Brasil. O presidente Temer fez uma proposta de exportar mais óleo de soja. Ambas as partes podem aprofundar essa discussão daqui para a frente. Vamos discutir com base nos agronegócios. Acho que esse assunto tem um grande futuro", disse.

Sobre o Brics, Li Jinzhang destacou que os países do bloco "usaram voz conjunta para salvaguardar o comércio multilateral e continuar a apoiar a liberação do comércio e do investimento".

"Isso é muito importante em face do cenário internacional atual. Sobre o acordo entre os Estados Unidos e a União Europeia, esperamos que todas as medidas tomadas se baseiem no mecanismo multilateral. Sobre esse acordo, acho que estamos só no início. Precisamos ainda observar", acrescentou.