Alckmin assume agenda de Temer de precarização do trabalhador

Se depender do pré-candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, o trabalhador brasileiro, sem renda e precarizado, continuará sem perspectivas. O tucano, que é apoiado pelos partidos da base do governo de Michel Temer, declarou que a reforma trabalhista será preservada.

Por Railídia Carvalho

Alckmin e Temer - DIVULGAÇÃO/PLANALTO

“Quase 30 milhões de brasileiros sem trabalho expressa o fracasso político e econômico daqueles que patrocinaram o golpe que levou Michel Temer a presidência. Geraldo Alckmin tem DNA nesse processo”, declarou ao Portal Vermelho Divanilton Pereira, presidente em exercício da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Segundo ele, o apoio que o tucano recebeu das forças políticas que apoiam o governo de Michel Temer reforçam que o candidato do PSDB é a expressão máxima do sistema financeiro. “Alckmin não representa os trabalhadores e não representa os interesses nacionais por isso fala com tanta veemência em preservar a reforma trabalhista. Um detalhe: não combinaram com o povo brasileiro e nem com a classe trabalhadora”.

Alckmin é Temer

Na opinião de Divanilton, o povo brasileiro que vem sendo castigado pela precarização das relações de trabalho vai identificar a farsa montada pelo tucano. “A classe trabalhadora tem norte, que é a Agenda Prioritária com 22 propostas. Iremos trabalhar esse documento, aprofundar as relações com a base para que com diálogo e debate enfrentemos essa agenda regressiva para impedir que se mantenha à frente do governo”, enfatizou.

“O governo de Michel Temer aplicou um remédio doloroso que aprofundou a crise. A reforma trabalhista gerou um retrocesso que fez as relações trabalhistas voltarem aos anos antes da Era Vargas quando foi inaugurado um ciclo de proteção ao trabalhador. Rasgaram direitos implementados nos anos 30 e também violaram direitos da Constituição de 1988”, constatou Divanilton.

Reforma trabalhista e crise: Precarização gigantesca

Patricia Pelatieri, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), declarou ao Vermelho que a reforma trabalhista alimentou, combinada à crise econômica, “uma precarização gigantesca do mercado de trabalho” inaugurando uma fase de redução da renda e retirada da proteção social. Aprovada e sancionada por Michel Temer, com apoio incondicional do PSDB de Geraldo Alckmin, a reforma (Lei 13.467/2017) alterou mais de 200 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O trabalhador por conta própria é um dos que mais sofre com a combinação crise, política econômica de Temer e reforma trabalhista. Normalmente, grande parte das ocupações consideradas precárias está neste segmento. Estudo do Dieese sobre os anos de 2016 a 2017 constatou que cinco milhões de trabalhadores passaram a trabalhar por conta própria. A renda desses trabalhadores se mostrou 33% inferior aos que estavam neste segmento antes de 2016.

“A precarização promove um ciclo muito nefasto para a economia”, acrescentou Pelatieri. Segundo ela, esse trabalhador recém-chegado ao trabalho por conta própria não contribui para a Previdência Social e nem tem CNPJ. “Perde todo mundo: O Estado, a sociedade porque a proteção social não é só aposentadoria. O trabalhador está sujeito a acidente de trabalho, isso tudo vai sobrecarregando o SUS. Sem formalização desse trabalhador, não há recolhimento de imposto que são a base do investimento do Estado”, explicou a coordenadora do Dieese.

Golpe: Crescimento zero e aumento da desigualdade

Divanilton lembrou que o cenário é bem diferente do que pregavam aqueles que “lideraram o consórcio que deu o golpe no Brasil em 2016”. “Prometeram normalidade democrática, crescimento econômico e emprego para o povo. Essa ilusão deu lugar à desnacionalização da economia e a transferência de cadeias produtivas importantes para conglomerados internacionais”.

De acordo com o estudo do Dieese, o efeito cascata da precarização levada às últimas consequências aprofunda desigualdades histórias que atingem negros e mulheres. Relativamente as mulheres negras foram as mais prejudicadas: Aquelas que entraram no mercado por conta própria nos últimos dois anos passaram a receber salários 41, 2% inferior às mulheres negras que estavam no segmento antes de 2016.

Na opinião de Pelatieri, as propostas contidas na Agenda Prioritária podem ser o caminho para a retomada do crescimento com justiça social. Assim como destacado por Divanilton, a consultora do Dieese atribuiu ao governo Temer e aos segmentos de empresários que sustentam o atual governo a responsabilidade pelo aprofundamento da crise no Brasil. Segundo ela, a precarização das relações de trabalho são resultado das escolhas econômicas do governo de Michel Temer e aliados.

Entre os aliados está Geraldo Alckmin, pré-candidato à presidência da República. “Alckmin é o presidente do PSDB, partido que integrou o consórcio que liderou o golpe político no Brasil. Quer se desvencilhar de Temer mas ocupa cargos importantes no governo e continua fazendo parte direta e indiretamente do governo. O projeto dos trabalhadores é combater essa agenda defendida por Alckmin e Temer”, finalizou Divanilton.