Chamado do PCdoB à unidade segue linha de coerência

A nota do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), divulgada neste domingo (22) conclamando a unidade do campo progressista direcionada diretamente ao PT, PDT, PSB, PSOL, representa mais um passo no esforço por uma tática eleitoral capaz de vencer as eleições presidenciais de 2018.

Bandeiras Brasil e PCdoB

Esse caminho se impõe com mais urgência também como decorrência dos movimentos unitários dos setores conservadores. A formação de um núcleo de esquerda como condição para uma frente ampla, aglutinando todas as forças interessadas na retomada da democracia e do desenvolvimento, é um imperativo dessa tática, conforme as formulações do PCdoB.

Esse é o espírito da nota, que traduz mais um esforço no sentido de somar forças para fazer frente à coesão que vai se formando entre direita e centro-direita. Desde que a marcha golpista se pôs em movimento, o PCdoB manifestou sua posição de que só um processo político amplo e unitário poderia suplantar a tática do golpe nas eleições de 2018. Mesmo antes do impeachment fraudulento da presidenta Dilma Rousseff, havia a compreensão do PCdoB de que a crise política exigia como resposta uma frente ampla, democrática e patriótica.

A proposição, aprovada na 10ª Conferência Nacional do PCdoB realizada entre 29 e 31 de maio de 2015, partia da constatação de que a direita neoliberal e seu consórcio assumiram o domínio do fluxo da luta política. Seria um movimento político para aglutinar todas as forças possíveis do campo democrático e patriótico interessadas na defesa da democracia, do desenvolvimento e da retomada do crescimento. Sem isolar e derrotar o consórcio da oposição que na ofensiva tramava o retrocesso, concluiu o PCdoB, o país estaria exposto ao projeto golpista, que comprometeria a democracia e a legalidade do mandato constitucional da presidenta.

A ideia seguia a linha formulada ao longo do ciclo dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff de fortalecimento da esquerda no âmbito da frente ampla com a formação de um bloco progressista que reunisse partidos, organizações, entidades, lideranças de amplos setores do povo. Seria o caminho para a mobilização social e popular. A consumação do golpe, em agosto de 2016, fez o PCdoB reafirmar o seu diagnóstico, agora com a proposta de resistência à nova fase da ofensiva conservadora.

Em dezembro 2016, o PCdoB voltou a se pronunciar afirmando que com os desdobramentos do golpe a tarefa prioritária seria persistir na constituição da frente ampla e continuar com os esforços pela unidade das forças de esquerda e dos movimentos sociais. “Trata-se de repactuar as forças políticas em torno da prioridade à produção e ao trabalho, na defesa do Estado Democrático de Direito, na resistência para impedir a perda de direitos e pela retomada do desenvolvimento econômico”, afirmou a resolução do Comitê Central.

No entendimento do PCdoB, no curso dos esforços pela constituição da frente ampla, das jornadas de mobilização do povo, do debate de ideias pela elaboração de plataformas e programas em torno de um projeto nacional, e de outras ações, havia a necessidade de se tentar forjar a unidade das forças de esquerda e ação dos partidos, personalidades e lideranças do campo progressista; dos movimentos sociais; do movimento sindical; da intelectualidade e do mundo cultural.

Plenária do 14º Congresso do PCdoB (Foto: Richard Santos)

A proposição foi reforçada em abril de 2017, com o diagnóstico de que o país vivia em um quadro de incertezas, com uma crise política e institucional que agravava a realidade econômico-social e gerava grande imprevisibilidade. A radical restauração da agenda neoliberal representou uma mudança de fase no Brasil, que agudizou a encruzilhada histórica do país e colocava em risco a própria nação, afirmou a resolução do Comitê Central. A frente ampla precisava reunir os mais diversos setores progressistas e democráticos, patrióticos e populares para enfrentar, isolar e derrotar o projeto neoliberal.

Essa linha de formulação confluiu para o 14º Congresso do PCdoB, realizado entre os dias 17 e 19 de novembro de 2017, com o slogan “Frente ampla para novos rumos ao Brasil”. “O PCdoB entende que a pretendida transição à nova ordem liberal, autoritária e neocolonialista, é tumultuada e instável, e que a luta contra a coalizão que a sustenta será dura, intensa e de longo fôlego. É nesse contexto que firma a orientação política para apresentar perspectivas para o Brasil e novas esperanças ao povo”, afirma a Resolução do Congresso.

A realização desses objetivos, formulou o PCdoB, só será possível com a união de forças em frente ampla, para além da esquerda política e social. “Na história brasileira, quando se uniram vastas forças com clareza de objetivos e unidade de ação no rumo do interesse maior do Brasil e do povo, elas venceram”, pontua o documento. Para aglutinar a frente ampla, seria necessário definir uma pauta imediata centrada na restauração da democracia, na defesa dos direitos sociais e da soberania nacional, na retomada do crescimento econômico e na defesa da Petrobras.

Presidenta Luciana Santos ao falar na reunião da direção nacional do PCdoB (Foto: Clécio de Almeida)
 
A nota da direção nacional do PCdoB, portanto, dá consequência a esta trajetória de propostas para enfrentar as forças golpistas, agora voltadas para as eleições presidenciais. Ao referendar a pré-candidatura de Manuela d’Ávila no seu 14º Congresso, o PCdoB definiu com clareza que a tática ampla e unitária seria a base da sua plataforma política.
Manuela no curso de sua exitosa pré-campanha que prossegue, ela levanta, numa das mãos, a bandeira da unidade, na outra o estandarte de um renovado projeto de Nação. Ela afirmou e reafirmou por diversas vezes que sua pré-candidatura não é óbice a unidade.

A Fundação Maurício Grabois do PCdoB em conjunto com as fundações do PT, PDT, PSOL e PSB organizaram, ao longo nos últimos meses, o lançamento de manifestos programáticos que visam, também, criar bases para um progressivo pacto eleitoral da esquerda e demais forças progressistas.

Nessa reta de chegada das eleições, conforme a nota do PCdoB, essa definição ganha sentido imperativo, um movimento político fundamental para suplantar o projeto eleitoral golpista.