"Nessas eleições, Temer é Alckmin e Alckmin é Temer", diz Manuela

Com grande alarde da mídia, o chamado "centrão", que reúne DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade, prometeu ao presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, o apoio do bloco na disputa das eleições de outubro.

Manuela dAvila - Foto: Bruno Alencastro

De acordo com lideranças só faltam alguns ajustes para oficializar o acordo. O presidente do DEM, ACM Neto (BA), disse que as conversas com Alckmin evoluíram "bastante". "As conversas com Alckmin evoluíram bastante. Os partidos vão fazer consultas internas e, até quinta [26], faremos um anúncio público", afirmou.

Já o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, também teria comunicado o deputado Esperidião Amin que o anúncio acontecerá no final de julho pelos partidos de direita. Ao que tudo indica, a chapa do PSDB terá o empresário Josué Alencar, do PR, de vice-presidente. Amin já comunicou o fato novo aos presidentes do PP, Silvio Dreveck, e Marcos Vieira, do PSDB.

"Os partidos do centrão que apoiam Alckmin ocupam vários ministérios e são a espinha dorsal do governo Temer. Esse apoio demonstrou que o tucano é a continuação do governo mais odiado da história do país", resumiu a pré-candidato do PCdoB à presidência, Manuela D'Ávila, em sua página nas redes sociais.

Como aponta Manuela, em entrevista ao Valor Econômico, Alckmin disse que sua agenda de governo é manter as medidas de Michel Temer e seguir com o desmonte do estado, com privatizações e a reforma da Previdência.

Ele defende a quebra do monopólio do refino de petróleo a privatização das estatais. Alckmin disse que vai manter o teto de gastos, que congelou os investimentos públicos por 20 anos, e disse que vai manter a carga tributária.

Sobre a Previdência, disse que vai manter a proposta encaminha pelo governo Temer ao Congresso, estabelecendo uma idade mínima e aumentando a contribuição dos trabalhadores.

"Nessas eleições, Temer é Alckmin e Alckmin é Temer", reforçou Manuela.

A aliança em torno de um candidato do PSDB foi um dos objetivos do golpe, até então encabeçado pelo senador Aécio Neves (MG), esmagado pelas investigações e processo no Supremo Tribunal Federal.

Alckmin pleiteou a vaga na legenda, mas não apresenta bons resultados nas pesquisas de intenção de voto. Sua campanha não decola e enfrenta a desconfiança de correligionários e de aliados. Mas a direita não conseguiu apresentar uma alternativa, já que Henrique Meirelles (MDB), favorito pelo mercado, está atrelado ao governo de Michel Temer, que tem o maior índice de rejeição da história, e também não decola nas pesquisas.

O calendário eleitoral e o mercado pressionou o bloco direitista a apresentar um caminho para as eleições. Agora, eles correm contra o tempo para tentar fazer o ajuste das negociações.

Para conseguir o apoio do bloco, Geraldo Alckmin teve de fazer algumas sinalizações para as lideranças. Ao DEM, por exemplo, Alckmin teria sinalizado que, se eleito, apoiaria a manutenção de Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos Deputados.