Território livre, Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) começa hoje 

Sob a direção de Duda Maia, oito atores cantam e tocam instrumentos, com um repertório de músicas autorais e inéditas que fala sobre a montanha-russa de emoções que é o amor. Pela primeira vez em Pernambuco, Auê surgiu durante a realização de outros projetos da Barca, como “Gonzagão – A Lenda” e “Ópera do Malandro”, ambos com direção de João Falcão.

“Eu acho muito inteligente da parte do FIG trazer esse espetáculo. Ele tem a facilidade de viajar para um festival, pois muito dificilmente ele consegue fazer uma turnê passando por Recife, por exemplo. Foi uma atitude bem generosa com o público que acompanha teatro, principalmente um público de festival, que sente a troca acontecer na cidade e fica com gana de assistir novas coisas”, afirmou Eduardo Rios, integrante do grupo, ao Jornal do Commercio.

Companhia Barca dos Corações Partidos no espetáculo Auê

Também nesta quinta-feira, acontecem as apresentações do Conservatório Pernambucano de Música e do Festival Virtuosi, que seguem até sábado (28), último dia do #FIG2018. Na pauta de apresentações do Conservatório, Wagner Tiso Trio traz seu repertório de arranjos sofisticados para músicas consagradas e passeiam pelas influências da MPB, da música erudita e do jazz. Tudo a partir das 21h, na Catedral de Santo Antônio.

Território livre

Considerado por seus realizadores como um espaço de resistência da cultura pernambucana e brasileira, o FIG 2018 mantém a proposta de combinar em sua programação o que é tradição e o que é tendência no mundo das artes. Shows musicais com artistas dos mais variados ritmos e estilos, teatro, dança, música clássica e popular, circo, literatura, artes visuais.

“Nesses tempos em que a regressão civilizatória do neoliberalismo tenta impor o pensamento conservador e moralista ao aparelho de Estado, aos meios de comunicação e à cultura atacando a livre manifestação artística, estimulando a intolerância, promovendo a perseguição política e abusos absurdos como boicotes, punições a mostras, filmes e a outras obras de arte, estamos garantindo que o FIG será novamente um território livre para fruição da nossa diversidade, da liberdade criativa e de todas as vivências artísticas e culturais, expressão da nossa própria identidade como povo”, ressalta Marcelino Granja, secretário estadual de Cultura.

Para a presidente da Fundarpe, Márcia Souto, “o grande diferencial do FIG é seu compromisso com a política pública para a cultura de Pernambuco, por ser realizado exclusivamente com recursos públicos e pelo Governo do Estado”. Ela destacou ainda que “a programação artística – construída a muitas mãos e a partir de um Edital Nacional – permite o encontro dos pernambucanos e turistas com artistas admirados em todo o país, com todas as manifestações da nossa cultura popular, com alguns Patrimônios Vivos do Estado, mas também com o que há de novidade nas mais diversas expressões culturais”.

Debate é na Plataforma FIG

Plataforma FIG 2017

Também na agenda do festival, debates sobre temas importantes do cenário musical previstos para acontecer na Plataforma FIG, ação especial que pelo segundo ano consecutivo compõe a grade do festival.Trata-se do encontro entre artistas do estado e programadores de importantes festivais de música do Brasil, além de jornalistas especializados e outros agentes da cadeia produtiva da música, que vão discutir temas como direitos autorais, mercado digital, a relação entre produtos audiovisuais e a música, além das políticas públicas para o setor. A Plataforma Fig acontece entre os dias 26 e 28 de julho.

Multiculturalismo

Além disso, artistas como Daniela Mercury, Titãs, Danilo Caymmi, dividirão os palcos do festival com Gaby Amaranto, Karol Conka, Vanessa da Mata e Johnny Hooker. Também na programação as mais autênticas expressões da cultura nordestina, como Anderson do Pife e a Banda de Pífanos Zé do Estado, Orquestra Santa Massa, Siba e Fuloresta e Cordel do Fogo Encantado, que volta ao FIG depois de ausência de quase dez anos. As tradições de raiz também serão representadas por Caboclinhos, Maracatus, o Bloco da Saudade e o Afoxé Oxum Pandá, entre outros.

Teatro e oficinas

A programação teatral figura entre os destaques da proposta do FIG. Vinte e quatro premiados espetáculos da atualidade brasileira, de grupos de prestígio internacional, estão confirmados. As montagens abordarão questões de gênero, como o espetáculo potiguar Violetas. A partir de obras protagonizadas por negros e que evidenciam a cultura negra, como Contos Negreiros do Brasil, Poeta Preto e Histórias Bordadas em Mim, o racismo também será discutido. O teatro documentário também estará presente na programação em quase todas as peças, a exemplo do infantil As Três Marias, também com o gaúcho Caio do Céu, o paulista Carta 1: A Infância Promessa de Mãe, o olindense Solo de Guerra, e o recifense Salmo 91.

Estão abertas as inscrições para as atividades de formação cultural do 28º Festival de Inverno de Garanhuns. São mais de 350 vagas em 13 oficinas nas mais diversas áreas da arte e da cultura, do cinema à gastronomia, da fotografia a expressões da cultura popular. Os interessados devem se inscrever de forma presencial no Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti (Av. Afonso Pena, 85), das 8h às 14h; ou online, enviando o formulário preenchido para o e-mail [email protected] até o dia 22/07. É necessário identificar, no assunto do e-mail, a atividade escolhida.

Novidade deste ano, a ação “Olhares – a mediação crítica por mulheres” vai oportunizar a realização de debates com artistas e palestrantes mulheres ao final de cada espetáculo da 3ª Mostra de Teatro Alternativo.

Confira a programação completa do #FIG2018: encurtador.com.br/cdfmW

Do Recife, Audicéa Rodrigues com informações da Secult-PE e imprensa local.