Foro de SP pede unidade da esquerda e liberdade para Lula

O 24º Encontro do Foro de São Paulo, realizado em Havana, foi oficialmente encerrado nesta terça-feira (17) com a presença de diversos líderes latino-americanos. Em seu documento final, os participantes pediram a unidade da esquerda do continente e liberdade para o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, preso há cem dias em Curitiba.

Foro de São Paulo em Havana 2018 - Reuters

O documento foi lido pela secretária-executiva do Foro, Mônica Valente. “Seguimos lutando ante os efeitos de uma ofensiva reacionária, conservadora e restauradora neoliberal das elites mundiais”, impulsionadas pelo “capitalismo do governo dos Estados Unidos, seus aliados e pelas classes hegemônicas”, disse.

Além dos pedidos de unidade e de liberdade para Lula, o Foro de São Paulo também destacou em seu documento o bloqueio dos EUA contra Cuba, a situação social da Argentina de Macri, a independência de Porto Rico, o avanço da direita em países como Chile, Colômbia e Paraguai e a situação da Venezuela.

“Condenamos a guerra não convencional dos EUA e seus aliados contra a Revolução Bolivariana, a qual se voltou ao objetivo estratégico imediato de derrotar o império. É, portanto, nosso objetivo maior de solidariedade nestas circunstâncias”, disse Valente. “Permaneceremos alertas contra a intervenção na Venezuela”, afirmou.

Lula

Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, foi um dos mais enfáticos em seu discurso de apoio ao ex-presidente brasileiro, afirmando que Lula estaria sendo escondido “em uma masmorra” para que não pudesse disputar a eleição presidencial no Brasil em outubro, a qual ele ganharia. Declarações parecidas foram feitas pelos chefes de Estado de Bolívia, El Salvador e Cuba.

"A detenção ilegal do irmão Lula, apesar do habeas corpus que lhe devolveu sua liberdade, demonstra que há um Plano Condor judicial e midiático dos EUA e da direita regional para perseguir e eliminar politicamente líderes da esquerda, como Correa, Dilma e Cristina", afirmou o líder boliviano Evo Morales, comparando a situação do Brasil com a de Argentina e Equador.

Já o atual líder cubano, Miguel Díaz-Canel, lembrou, pedindo a liberdade de Lula, que o ex-chefe de Estado brasileiro foi, ao lado de Fidel Castro, um dos criadores do Foro de São Paulo, conferência que, há 28 anos, reúne partidos e organizações de esquerda da América Latina em uma tentativa de encontrar novos caminhos para a luta contra o neoliberalismo na região.

"O desafio é continuar no avanço progressista utilizando toda nossa experiência, conquistar com as ideias da mudança todos os espaços de luta e debate. O projeto político, humano e progressista das grandes maiorias populares é legítimo e irrevogável", declarou Salvador Sánchez Cerén, presidente salvadorenho.

O 24º Encontro do Foro de São Paulo, realizado entre domingo e terça na capital cubana, reuniu mais de 600 delegados de América Latina, América do Norte, Europa, Ásia e África para um amplo debate sobre o papel da esquerda no continente americano.