Cúpula da OTAN começa em Bruxelas sob protestos pela paz

Começa nesta quarta-feira (11) mais uma Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na capital belga, Bruxelas. Movimentos sociais, da paz e ambientalistas realizaram nova agenda de protestos e uma conferência no fim de semana, com foco na oposição a Donald Trump e, no caso dos membros Conselho Mundial da Paz (CMP), com a denúncia reforçada da política imperialista de crescentes ameaças e de militarização do planeta.

Otan 2018 protestos

Centenas de manifestantes protestaram em Bruxelas no sábado (7), no contexto da reunião dos chefes de Estado e Governo dos 29 países membros da OTAN. A aliança beligerante está no centro das campanhas do movimento da paz.

No ano passado, uma convergênca de movimentos sociais também realizou ações na capital europeia. O CMP e seu membro belga, a INTAL (Ação Internacional pela Libertação), organizaram uma conferência com a participação de entidades de diversos países – inclusive o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).

Conselho Mundial da Paz no protesto em Bruxelas. Foto: INTAL

Neste ano, ações similares foram organizadas reforçando a denúncia do imperialismo e sua engrenagem beligerante e, de forma mais particular, por alguns movimentos, denunciando o presidente estadunidense e suas políticas violadoras dos direitos humanos – como a separação de crianças imigrantes e suas famílias na fronteira. Cartazes de repúdio às ameaças contra o Irã, ao criminoso e duradouro bloqueio imposto a Cuba e à indústria da guerra também foram erguidos no protesto.

Para a presidenta do CMP, Socorro Gomes, atividades que unam os movimentos sociais e as forças progressistas em torno da defesa acirrada da paz são cada vez mais urgentes. Socorro reforça a denúncia da OTAN como a “máquina de guerra imperialista” que ameaça os povos e nações em todo o planeta, movida à base de agressões, destruição e massacres. Isto ficou patente em tantos casos, como a ex-Iugoslávia, o Afeganistão, Iraque, Líbia e mais recentemente, a Síria, mergulhada há sete anos numa guerra que causou milhões de vítimas, com a participação das potências imperialistas membros da OTAN e, em especial, seu protagonista, os Estados Unidos.

O CMP promove a agenda de ações como parte da campanha “Sim à Paz! Não à OTAN!” – que tem centrado esforços na demanda pelo direito dos países membros de se desengajarem da aliança atlântica e na defesa da sua dissolução, enquanto estrutura anacrônica que promove um ambiente de ameaças e de iminência de uma guerra generalizada.

Contra a militarização global

O protesto em Bruxelas foi noticiado por veículos como a Russia Today, no domingo (8), quando esta entrevistou o secretário-executivo do CMP, Iraklis Tsavdaridis. Ele explicou que o propósito das ações do CMP – de que o Cebrapaz é membro, no seu Secretariado – é enfatizar que a OTAN nunca foi uma organização promotora da paz; promove a guerra, com seus “novos planos para destacar tropas no Mar Báltico, até a Bulgária, nas fronteiras com a Federação Russa,” instalando um sistema antimísseis em países vizinhos e reforçando sua interferência Oriente Médio.

Decisões recentes vão desde as revisões do conceito estratégico para justificar a existência da OTAN neste “pós-Guerra Fria” – com a invenção de novos focos de atuação e a insistência em “novas ameaças” ou “desafios securitários” em diversas regiões – e a promoção de táticas beligerantes intensificadas. O avanço em direção à fronteira da Rússia, com o destacamento de tropas e a instalação de sistemas de mísseis na região, a inclusão de novos membros da vizinhança e a adoção de uma doutrina de “dissuasão nuclear” estão entre as denúncias dessa intensificação. É de se ressaltar que a OTAN tem um programa de “partilha nuclear” através do qual os EUA mantêm dezenas de ogivas em suas bases espalhadas por diversos países europeus e na Turquia.

Ademais, com um estatuto de “parceria global” criado através da revisão estratégica da Cúpula de Lisboa, em 2010, e revisado em 2011, a OTAN tem incluído países de outros hemisférios em sua brigada imperialista, caso recente da Colômbia. Os “parceiros globais”, que incluem ainda o Afeganistão, Austrália, Iraque, Japão, Coreia do Sul, Mongólia, Nova Zelândia e Paquistão, podem “contribuir ativamente para operações e missões lideradas pela OTAN”, afirma sua página oficial.

Na agenda da cúpula em Bruxelas está uma nova advertência por parte dos Estados Unidos a seus aliados, um destaque nas notícias nos meios de comunicação comerciais. Donald Trump deve reforçar a exigência de que os membros da OTAN cumpram compromissos de dedicar ao menos 2% de seus PIBs ao setor militar – embora alguns já dediquem mais do que isso, como mostra o gráfico acima – e até questionou no Twitter se os que não o fazem vão “reembolsar os EUA”. Já em 2017 Trump destacou em Bruxelas que 23 dos então 28 membros não cumpriam a meta.

O compromisso é uma afronta direta às demandas populares nos diversos países contra a militarização do planeta, a política ofensiva de ameaça aos povos, ingerência e guerras, e os gastos militares exorbitantes, sobretudo no momento em que vários membros foram especialmente atingidos pela crise que eclodiu em 2007-2008 e serviu de pretexto para políticas de arrocho. Por isso, o CMP e outras entidades dedicadas à luta pela paz promovem ações por uma unidade reforçada em oposição ao imperialismo e à guerra.

Fonte: Cebrapaz