Direto da Rússia: o fim do sonho russo – Por Felipe Iturrieta 

Na sexta-feira, após o jogo entre Brasil e Bélgica, Moscou era uma grande festa. Muitos dos torcedores vestidos com camisas amarelas ainda tinham esperanças (ainda que poucas) de seguir na Copa – os suecos (bem como os russos) consolavam os brasileiros durante a noite. 

Por Felipe Iturrieta*

rússia torcida - Divulgação

Assim como os escandinavos, os donos da casa já estavam mais do que satisfeitos com o desempenho da própria seleção – não esperavam, absolutamente, chegar às quartas de final. A expectativa para o jogo contra a Croácia era palpável. Uma madrugada de confraternização, regada a vodka, foi o resultado. 

 
No dia seguinte, durante o jogo entre Inglaterra e Suécia, a cidade se movia; a Fan Fest lotou a ponto de ter que barrar o acesso a milhares de torcedores. Muita gente, que chegou em cima da hora, acabou perdendo grande parte do primeiro tempo, já que o local é distante e não havia bares nas redondezas. O centro da cidade estava completamente cheio; era impossível encontrar assentos livres em qualquer estabelecimento com uma televisão ligada. 
 
A cada bola roubada ou passe certo feito pelos russos, a torcida ia ao delírio. Conscientes das limitações técnicas da equipe, os fãs se davam por satisfeitos com a dedicação dos jogadores. O povo, incrédulo, comemorou o 1 a 0 de forma estrondosa. Estavam vivendo um sonho, inesperado – já ousavam imaginar uma possível semi-final contra ingleses e uma final contra franceses (que prato cheio teria sido, tendo em vista as rivalidades históricas).

O empate croata no tempo normal e a virada durante a prorrogação deram um banho de água fria nos torcedores, que lentamente voltavam à realidade. Já quase sem esperanças, alguns dos mais emocionados choravam e se abraçavam. Quando veio o empate russo, a cidade quase veio abaixo. Foi uma grande gritaria até o fim dos 120 minutos. Antes e durante as cobranças de pênaltis, cânticos dedicados ao goleiro Akinfeev (que quase pegou a cobrança de Modric) ressoavam por todas as partes. 

 
Uma pena que, por conta de duas péssimas cobranças por parte dos anfitriões, não houve mais festa. O tiro certeiro de Rakitic deu fim ao conto de fadas que os donos da casa estavam vivendo. A noite fria com chuviscos intermitentes era um retrato preciso do ânimo dos russos – ainda que alguns tentassem entoar gritos de apoio, os rostos denunciavam a tristeza amarga da eliminação nos pênaltis. A partir de agora, brasileiros e russos se limitam ao papel de expectadores. 
 
Da minha parte, fica a esperança de que seja uma final entre Croácia e Bélgica, mas parece improvável. A camisa pesa e, apesar de não serem as equipes mais temidas, França e Inglaterra têm uma grande chance de adicionar uma segunda estrela a seus uniformes.