Ao assinar MP que privatiza saneamento, Temer diz que não quer aplauso

Na agenda de desmonte do Estado, até mesmo o saneamento básico será privatizado no governo de Michel Temer, que assinou em cerimônia no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (6), medida provisória que altera o marco regulatório do saneamento.

Michel Temer - Cesar Itiberê/PR

No discurso, Temer disse que o governo não adota “soluções paliativas” e que nunca quis “aplausos fáceis”, que geram “desprezo depois de amanhã”. Para um governo que tem reprovação recorde, que chega a apontar 82% em algumas pesquisas, os aplausos não serão fáceis mesmo.

Segundo Temer, a medida pode ser considerada mais uma “reforma”. Até agora, as reformas do governo só promoveram retrocessos, como a reforma trabalhista.

“Nós não queremos, nunca quisemos soluções paliativas que, na verdade, geram aplausos fáceis. Você pratica um ato paliativo hoje, ganha o aplauso amanhã e o desprezo depois de amanhã. Nosso governo não age dessa maneira”, afirmou o ilegítimo, que tem apenas 4% de aprovação, segundo pesquisa Ibope divulgada em junho.

A medida provisória sobre o saneamento estava na pauta do governo desde novembro do ano passado. Segundo a Federação Nacional dos Urbanitários, a medida representa um retrocesso à universalização dos serviços de água e tratamento de esgotos, e promete mobilizar para impedir a aprovação no Congresso Nacional.

“Vamos alertar a população e convidá-la a fazer pressão junto aos parlamentares para impedir a aprovação no Congresso dessa medida que vai contra a universalização dos serviços de água e tratamento de esgotos para todos os brasileiros. O mercado só quer os municípios que dão lucro, que podem pagar por seus serviços caros e de qualidade duvidosa”, afirmou o presidente da federação, Pedro Blois.

Segundo a professor Abelardo Oliveira Filho, “a medida traz riscos muito grandes para o setor de saneamento básico, principalmente às populações de baixa renda dos pequenos municípios, às áreas rurais e à periferia das grandes cidades”.