De olho na Copa, sindicalistas reforçam papel do esporte na luta

Os dirigentes sindicais Divanilton Pereira e José Carlos Gonçalves, o Juruna, deram o mesmo palpite de 2 a 1 para o jogo entre Brasil e Bélgica nesta sexta-feira (6) na disputa de uma vaga para a semifinal da Copa do Mundo 2018. “Para o Brasil, claro”, brincou Juruna. Divanilton lembrou que o Brasil pode se aproveitar das fragilidades demonstradas pelos belgas contra o Japão. Devidamente trajados com a “amarelinha”, os sindicalistas estarão de olho na Rússia nesta tarde.

Time Brasil Futebol - Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas

Divanilton é potiguar e trabalhador petroleiro e Juruna, paulista e metalúrgico. Um torce para o ABC de Natal e o outro santista roxo, ou melhor, alvinegro. Atual presidente em exercício da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Divanilton reconhece o futebol como um terreno que favorece e inspira a luta dos trabalhadores que mantém unificadas todas as centrais sindicais brasileiras contra o golpe de 2016 que levou Michel Temer à Presidência.

“Eu me impressiono com a capacidade que esse esporte teve de se tornar um grande negócio para que o planeta assista partidas de futebol. De outro lado também observo, principalmente diante de um evento como a Copa do Mundo, que o futebol levanta a questão nacional. No Brasil enfrentamos um processo de entrega do patrimônio nacional pelo atual governo, e o futebol, com todas as contradições, expõe que a questão nacional é algo a ser disputado”, analisou Divanilton.

O presidente da CTB (de óculos escuros) acredita que qualquer transformação social no Brasil precisa considerar os valores culturais do povo, como a música, a religião e o futebol. Ele não confunde seleção brasileira e o golpe de 2016. O que Divanilton defende é que a mesma paixão do povo pela seleção possa se ampliar para as lutas sociais.

“Sabemos que esse sentimento de defesa do país, pela camisa da seleção, não é o mesmo quando se trata de defender empresas públicas brasileiras como a Petrobras, por exemplo. Avançar para conseguir esta adesão é um desafio do movimento sindical. Precisamos encontrar caminhos que a gente mobilize 30% do público de um estádio de futebol. Eu não jogo na lata de lixo a paixão que o povo tem pelo futebol e onde eu me incluo”, completou Divanilton.

“Se a gente observar, os sindicatos hoje, não só no Brasil, mas em diversos locais do mundo, fazem campeonatos por empresa, organizam jogos para atrair os trabalhadores nos finais de semana, nas colônias, clubes de campo. Daí o futebol acaba se transformando em um instrumento de camaradagem, companheirismo e organização”, afirmou Juruna, secretário-geral da Força Sindical.

O metalúrgico rechaça a ideia de que o futebol aliena. “Nas fábricas em que trabalhei sempre teve time de futebol, sempre íamos a campo juntos ver os nossos times do coração e nem por isso deixamos de lutar por melhores condições de trabalho. Ter um time, realizar jogos mata-mata, churrasco também ajudava e ajuda a organizar os trabalhadores”, argumentou.

Juruna (foto) lembrou que os locais de trabalho estão ligados à criação de vários times de futebol. “Os ferroviários, que são uma categoria de ponta na luta social, tinham times de futebol nas várias estações.” O dirigente reiterou ainda que não existe essa vinculação da seleção com o governo Temer. Para ele, o governo tenta se apropriar dos feitos da seleção e da alegria momentânea da população. 

Nesta sexta, sem deixar a luta contra o golpe de lado, os sindicalistas miram contram os vermelhos da Bélgica. “Tenho a impressão que será tranquilo mas, como tem ocorrido por diversas vezes, os demais times sempre mudam seu esquema quando jogam com a seleção brasileira”, lembrou Divanilton. Previsível mesmo é o uniforme da seleção, que enfrenta os belgas neste dia com a mística da camisa canarinho. Que pavimente o caminho para as semifinais.