Senado: Batalha decisiva para defender distribuidoras da Eletrobras

Trabalhadores eletricitários prosseguem com a movimentação contra a privatização das distribuidoras da Eletrobras que atendem estados da Amazônia e do nordeste. Segundo sindicalistas, a tentativa do governo federal de entregar as distribuidoras para o comando da iniciativa privada ameaça a geração de energia nessas regiões. 

Por Railídia Carvalho

greve 72 em 2018 horas Amazonas Energia - reprodução

Nesta quarta-feira (4) foi aprovado na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 10.332 que cria condições para o governo privatizar essas empresas. Ainda falta votar destaques.     Na opinião do eletricitário Edney Martins os trabalhadores devem fazer o contraponto ao governo para evitar a privatização. Para ele, que é presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amazonas, é preciso garantir um debate aprofundado no Senado do PL 10.332 aprovado na Câmara.

“Neste momento, este PL ajuda o governo a entregar as distribuidoras para o mercado. Na nossa opinião essa lei tem que ser aprovada com o objetivo de recuperar as distribuidoras e não privatizar”. As distribuidoras colocadas à venda são: Amazonas Energia; Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron); Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre); Companhia Energética de Alagoas (Ceal); Companhia de Energia do Piauí (Cepisa); e Boa Vista Energia (que atua em Roraima).

Edney explicou que se este PL tivesse sido aprovado há 15 anos atrás em um contexto de valorização das empresas públicas ele teria evitado o atual estágio das distribuidoras, que precisam ser recuperadas. “Estão deficitárias por conta das áreas em que elas atuam. As empresas na Amazônia estão em localidades de difícil logística, é complicado e caro desempenhar a distribuição de energia”.

Na opinião dele, a privatização está fadada ao insucesso porque visa apenas o lucro. “A população não terá como custear um serviço prestado por uma empresa privada e essa empresa não vai obter o lucro que espera. Se for concluída a privatização a Amazônia deverá ser vítima de apagões e aumento da tarifa”, comparou.

O movimento nacional dos urbanitários aponta como alternativa ao debate a criação de uma empresa nacional de distribuição ligada ao Ministério das Minas e Energia mas fora da Eletrobras, com capital fechado, 100% público. Na proposta, subsidiárias que dão lucro cobririam as empresas que atuam garantindo a energia para toda a população.

“Fazer chegar esse formato ao debate no Senado é importante para mostrar que é possível que essa atuação em conjunto de subsidiárias torne positivo o resultado final. Mais que o lucro é preciso cumprir o deve institucional de levar energia para uma região como a Amazônia, que é de difícil acesso. O principal objetivo não é dar lucro para acionista mas garantir a energia na Amazônia para que a região se desenvolva economicamente e implementada a ocupação dessa área”, enfatizou Edney.