Manifestações denunciam entreguismo na privatização de estatais

Nesta quinta-feira (5) serão realizados pelo país atos e protestos denunciando o pacote de privatizações que o governo de Michel Temer quer implementar na Petrobras, Eletrobras, Correios e bancos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, entre outras empresas públicas do país. Liminar concedida no dia 29 de junho pelo Supremo Tribunal Federal potencializou a luta em defesa das estatais.

Por Railídia Carvalho

Defesa das empresas brasileiras - reprodução

No dia 28 de junho o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, concedeu liminar após ação de entidades do movimento sindical impedindo que estatais brasileiras sejam privatizadas sem a aprovação do Congresso Nacional. A expectativa do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas é que a adesão aos atos envolva por todo o país eletricitários, bancários, petroleiros e trabalhadores dos Correios nas esferas federal, estadual e municipal.

Na opinião do petroleiro Divanilton Pereira, os atos desta quinta acontecem em um momento estratégico. “É oportuno no sentido de fortalecer essa resistência e produzir efeito no STF. É importante dar evidência a essa decisão do Supremo de proteger o patrimônio nacional e as empresas estatais”, argumentou o dirigente.

Ele enxerga essas manifestações também como preparatórias para o ato organizado pelas centrais sindicais para o dia 10 de agosto em protesto contra os retrocessos impostos pelo governo de Michel Temer. Divanilton assumiu interinamente a presidência da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Em São Paulo, o ato em defesa das estatais acontecerá a partir das 11h na praça da Sé, centro da capital paulista. Em Aracaju (SE), o protesto será realizado a partir das 9h no calçadão da Avenida João Pessoa, no centro da cidade. “Agora é o momento de mobilizar a sociedade, mobilizar servidores públicos e mostrar a importância que têm as estatais para o desenvolvimento econômico e social dos estados e do país”, afirmou Ivânia Pereira, presidenta do Sindicato dos Bancários de Sergipe.

Segunda a dirigente, um dos resultados da privatização de bancos como a Caixa Econômica, por exemplo, será a extinção do gerenciamento de programas sociais como o Bolsa Família. “Nenhum banco privado vai ter interesse em fazer isso. A Caixa foi o único banco que abriu as portas para receber e fazer o pagamento de pessoas humildes como os beneficiados pelo Bolsa Família. É um público que jamais entraria em uma agência bancária se não fosse 100% pública”, enfatizou Ivânia.

O Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal também apoiará as manifestações em defesa das empresas públicas. Enfrentando uma batalha no Congresso Nacional contra a privatização das distribuidoras da Eletrobras, os trabalhadores veem na obtenção da liminar no STF a abertura de um “flanco jurídico” que possa salvaguardar também o controle das distribuidoras. Fabíola Antezana, diretora do sindicato, explicou que a posição do ministro Lewandowski “dá um fôlego a mais para a luta contra a privatização das estatais”.

Os atos em defesa das empresas públicas também incluirão encontros com pré-candidatos à Presidência da república. Segundo a coordenadora do comitê, Maria Rita Serrano, essas iniciativas querem garantir centralidade para a defesa das estatais durante o debate eleitoral.