Direto da Rússia: adeus dos craques e decisões nos pênaltis

Se por um lado a Copa perde com as despedidas de Messi e Cristiano Ronaldo, por outro, ganha com o fato de não termos mais que assistir as péssimas seleções de Portugal e Argentina. 

Por Felipe Iturrieta*

cristiano ronaldo - Divulgação

O resultado de 4 a 3 com duas viradas demonstra o quanto ambas as equipes carecem de equilíbrio e segurança. A França recuou ao fazer o primeiro gol, dando espaço aos argentinos. Um golaço de di Maria e o pé invisível do Mercado viraram o jogo, mas não demorou muito para que os franceses dessem o troco. Dessa vez, não recuaram e mataram o jogo fazendo três gols em cerca de 10 minutos. O gol de Aguero no fim do jogo chegou tarde demais. E adeus Messi.

 
Duas horas depois, Cristiano Ronaldo sofria do mesmo problema de seu arqui-rival – uma equipe totalmente ineficiente ao redor de si. Quando dava passes para finalizações, encontrava sempre um perna de pau que desperdiçava a oportunidade. Se se posicionava bem à espera de um passe para finalizar, recebia bolas mastigadas ou na fogueira. Apesar de um esboço de reação da parte dos portugueses no segundo tempo, a excelente atuação de Cavani selou a vitória da Celeste. E adeus Cristiano Ronaldo. 
 
Em condições normais, o Uruguai deve passar pela França. A vitória contra a Argentina pode até significar uma injeção de auto-confiança e entrosamento na equipe francesa, mas tendo em conta a baixa qualidade de jogo apresentada na primeira fase e os três gols sofridos contra uma seleção argentina sem pé nem cabeça, o papel de favorito na partida fica com os uruguaios (especialmente se Cavani se recuperar bem da contusão; finalmente entrosado, o duo de ataque da Celeste é um pesadelo para qualquer defesa). 
 
Os confrontos do outro lado, ambos decididos nos pênaltis, surpreenderam muita gente. Os próprios russos estão incrédulos com a permanência na Copa, enquanto muitos (como eu) esperavam que a Croácia passasse pela Dinamarca sem grandes dificuldades. 
 
Os donos da casa jogaram com muita humildade, respeitando os próprios limites e anulando tanto quanto possível o jogo espanhol (que é entediante como sempre, mas cada vez menos eficiente – nem os atacantes importados do Brasil conseguiram resolver para a Fúria). Devo confessar que não me entristece a volta à normalidade do futebol espanhol – tiveram uma geração de ouro que já envelheceu e não encontrou substitutos à altura. Mais de 1000 passes trocados pela seleção ibérica não foram o suficiente pra vencer. Consagrou-se o goleiro russo, salvando o time no final do jogo e defendendo o pênalti decisivo durante as cobranças após a prorrogação. 
O encontro entre Croácia e Dinamarca foi uma grande decepção, pelo menos por parte dos croatas, que vinham apresentando um excelente futebol até então. Os dinamarqueses anularam o jogo com muita eficiência, marcando bem a Rakitic e Modric (que perdeu um pênalti no fim da prorrogação), impedindo a criação de jogo e investindo em contra-ataques e cruzamentos na área.

Ambos os goleiros fizeram boas defesas nas cobranças (Schmeichel fez juz ao nome), mas foi Subasic que terminou por consagrar-se, defendendo 3 vezes e dando a classifição a sua equipe. A Croácia avança, mas hoje não pareceu a mesma equipe da primeira fase, que dominou as partidas e jogou com facilidade. Fica, portanto, mais difícil fazer previsões. A Croácia pode voltar a encontrar o ritmo e a qualidade que apresentou na primeira fase e encerrar a aventura dos donos da casa, que infelizmente contam com uma equipe de poucos recursos. Caso contrário, se os russos conseguirem seguir o exemplo dos dinamarqueses, anulando a criação de jogo do excelente duo de meio campo da Croácia, com a entrega e concentração que tiveram contra os espanhóis, podem alcançar a semi-final (a festa, neste caso, será de proporções épicas).